terça-feira, 4 de agosto de 2009

Relações Afetivas - Margareth Alves

O desejo de companhia, de aconchego, de se sentir pertencente a alguém é tão inerente ao ser humano que, desde que se tem notícias, o homem vive em grupos.
Companhia e aconchego lembra doçura, compreensão, afeto. Já o pertencer soa mais forte e faz pensar em estreitos laços, em sentimentos de posse e de responsabilidades mútuas. Da mesma forma que estar com o outro é importante, podemos pensar que individualidade e solidão são experiências também valiosas. Mas para alguns são experiências aterrorizantes porque lembram sentimentos de exclusão, de abandono e de menos-valia. Então em um extremo observamos pessoas que não suportam ficar sozinhas e criam relação de dependências e no outro extremo observamos pessoas que têm um grande medo da intimidade. Embora estejam sempre acompanhadas não se permitem entregar-se. Apresentam dificuldades em conciliar desejos opostos como o da liberdade e o do comprometimento. Outras mesmo que escolheram o casamento, procuram manter controle e distância. É preciso entender que estes comportamentos são resultados das experiências vividas na infância. A criança é espontânea, busca o afeto quando deseja. Ela só se retrai a partir de decepções que não consegue suportar. Neste caso renuncia a busca e tenta bastar a si mesma. Seu desejo torna-a vulnerável e ela aprende que é mais seguro não desejar ou tenta manter controle sobre aquele que deseja. As feridas são tão profundas que a pessoa não quer mais correr riscos e se protege definitivamente. Então não há saída. Ela se defende das relações difícieis porque são difíceis, se protege das relações superficiais porque nada representam. O medo de se expor e de criar laços torna-se intolerável, já que as primeiras relações fracassaram. Portanto conclui que não vale a pena investir. O que fazer então? Olhe para sua história. Observe como foram estabelecidas suas primeiras relações com seus pais, irmãos, avós, primos, amigos etc. Estas experiências se atenderam a maior parte de suas necessidades de afeto, atenção, limites contribuiram para que hoje adulto você consiga fazer escolhas assertivas. Caso contrário, é maior a possibilidade de você não querer relações mais profundas que trarão algum nível de exigência e você pode passar pela vida experimentando relações fugazes que não aprofundam porque no fundo existe o medo da entrega, da intimidade e do compromisso. Existe o medo de reviver as decepções e frustrações que foram experimentadas na infância. Ficou-se o registro de que amar é sofrer.Também observo pessoas que querem um relacionamento profundo e estável mas que atraem e são atraídas por pessoas que nada querem. É preciso entender estes movimentos. Há pessoas que nos roubam, que nos enfraquecem e há pessoas que somam, que acrescentam, que nos fortalecem. Dos relacionamentos que você teve, quais o modificou verdadeiramente para melhor? Será que você pode ser uma lembrança difícil e dolorosa na vida de alguém? Será que foi refém de alguém? Ou será que construiu prisões de um amor possessivo e desumano para as pessoas que se relacionaram com você? Será que idealiza demais as situações e por isso pode perder a oportunidade de encontrar pessoas que lhe fariam bem? Não tenha medo das respostas. É através delas que você poderá entender quem você é e isto lhe fará crescer. O crescimento nos traz a chance de vivermos um grande amor de uma forma segura, protegida e saudável. A auto-estima e a segurança interior são bens que se obtém e se cultiva essencialmente a partir de laços consistentes e duradouros.

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