quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Menino ou menina? Arwyn Daemyir


Menino ou menina? Meus filhos dirão 
Um casal de Portland, EUA, escolheu criar seus filhos sem nenhuma distinção de gênero. Assim, espera que estereótipos não limitem seu desenvolvimento. por Arwyn Daemyir*  
"Azul para meninos, rosa para meninas. Carrinhos pra eles, bonecas pra elas." É assim que a maioria educa seus filhos. Lá em casa é diferente. A ideia da criação sem diferenciação de gênero é oferecer às crianças um arco-íris de opções e permitir que usem, vistam e brinquem com o que quiserem - não com o que "deveriam" querer.

O problema de educar dando ênfase nas divisões de gêneros é que não sabemos realmente qual o gênero de nossos filhos até que eles mesmos nos digam. Cerca de 1% das crianças são transgêneros ou não se encaixam nas classificações tradicionais de menino ou menina. Ser criado "como menina" é prejudicial e doloroso para meninas que se veem como meninos, e vice-versa.

A educação tradicional também limita o que as crianças podem fazer e se tornar. Isso vem das expectativas da sociedade sobre o que significa ser "menino" ou "menina". Nos EUA, por exemplo, espera-se que meninas sejam atraentes, mas também estudiosas (embora ruins em ciências). Elas devem gostar de bonecas, de se vestir e de decorar a casa. Já garotos escutam desde cedo que são barulhentos e violentos, e que têm de ser poderosos e bem-sucedidos no futuro.

Nenhum desses estereótipos é completamente ruim nem falso: muitas garotas de fato gostam se arrumar, assim como muitos garotos adoram praticar esportes - e não há nada de errado com eles. No entanto, também existem meninas que gostam de esportes e meninos que gostam de se vestir - e não há nada de errado com eles.

Como esse tipo de criação funciona na prática? Oferecendo escolhas. Tenho dois filhos, que no meu blog são chamados de Boychick ["Garotogarota"], de 5 anos, e Vulva Baby ["Bebê-Vagina"], que tem quase 1 ano. Boychick cresceu com uma variedade de roupas e brinquedos. Nunca cortamos seu cabelo, embora lhe déssemos essa opção. Por volta dos 3 anos e meio, começou a dizer que era um garoto. Suas cores favoritas são o rosa e o vermelho brilhante. Com seu cabelo longo e seus sapatos roxos, ele é muitas vezes chamado de menina na rua. Mas ele não está nada confuso sobre seu gênero: sabe que é um garoto, não importa a cor que vista nem seus brinquedos preferidos.

Já Vulva Baby ainda não tem senso de gênero. Pelo menos nenhum que ela ainda possa dizer. Como aconteceu com Boychick, achamos que é menina, mas não saberemos até que ela nos diga.

Eu e meu parceiro temos a sorte de viver em Portland, onde esse estilo de educação não é totalmente estranho. Mas é claro que me preocupo: à medida que meus filhos crescem, há mais oportunidades para que pessoas sejam rudes com eles. Se quiser, Boychick é livre para cortar o cabelo e usar roupas diferentes. Eu espero, contudo, que ele seja verdadeiro consigo mesmo diante da adversidade.

Criar assim não é fazer lavagem cerebral nos filhos nem tentar eliminar os gêneros. É dar às crianças a chance de pensar sobre o que o gênero significa para elas. E apoiá-las a se tornar o que querem ser.

Os cinco maiores arrependimentos dos pacientes terminais


Os cinco maiores arrependimentos dos pacientes terminais


Recentemente foi publicado nos Estados Unidos um livro que tem tudo para se transformar em um best seller daqueles que ajudam muita gente a mudar sua forma de enxergar a vida. The top five regrets of the dying (algo como “Os cinco principais arrependimentos de pacientes terminais”) foi escrito por Bronnie Ware, uma enfermeira especializada em cuidar de pessoas próximas da morte.
Para analisar a publicação, convidamos a Dra. Ana Cláudia Arantes – geriatra e especialista em cuidados paliativos do Einstein – que comentou, de acordo com a sua experiência no hospital, cada um dos arrependimentos levantados pela enfermeira americana. Confira abaixo.


1. Eu gostaria de ter tido coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, e não a vida que os outros esperavam de mim

“À medida que a pessoa se dá conta das limitações e da progressão da doença, esse sentimento provoca uma necessidade de rever os caminhos escolhidos para a sua vida, agora reavaliados com o filtro da consciência da morte mais próxima”, explica Dra. Ana Cláudia.

“É um sentimento muito frequente nessa fase. É como se, agora, pudessem entender que fizeram escolhas pelas outras pessoas e não por si mesmas. Na verdade, é uma atitude comum durante a vida. No geral, acabamos fazendo isso porque queremos ser amados e aceitos. O problema é quando deixamos de fazer as nossas próprias escolhas”, explica a médica.

“Muitas pessoas reclamam de que trabalharam a vida toda e que não viveram tudo o que gostariam de ter vivido, adiando para quando tiverem mais tempo depois de se aposentarem. Depois, quando envelhecem, reclamam que é quando chegam também as doenças e as dificuldades”, conta.

2. Eu gostaria de não ter trabalhado tanto

“Não é uma sensação que acontece somente com os doentes. É um dilema da vida moderna. Todo mundo reclama disso”, diz a geriatra.

“Mas o mais grave é quando se trabalha em algo que não se gosta. Quando a pessoa ganha dinheiro, mas é infeliz no dia a dia, sacrifica o que não volta mais: o tempo”, afirma.

“Este sentimento fica mais grave no fim da vida porque as pessoas sentem que não têm mais esse tempo, por exemplo, pra pedir demissão e recomeçar”.

3. Eu gostaria de ter tido coragem de expressar meus sentimentos

“Quando estão próximas da morte, as pessoas tendem a ficar mais verdadeiras. Caem as máscaras de medo e de vergonha e a vontade de agradar. O que importa, nesta fase, é a sinceridade”, conta.

“À medida que uma doença vai avançando, não é raro escutar que a pessoa fica mais carinhosa, mais doce. A doença tira a sombra da defesa, da proteção de si mesmo, da vingança. No fim, as pessoas percebem que essas coisas nem sempre foram necessárias”.

“A maior parte das pessoas não quer ser esquecida, quer ser lembrada por coisas boas. Nesses momentos finais querem dizer que amam, que gostam, querem pedir desculpas e, principalmente, querem sentir-se amadas. Quando se dão conta da falta de tempo, querem dizer coisas boas para as pessoas”, explica a médica.

4. Eu gostaria de ter mantido contato com meus amigos

“Nem sempre se tem histórias felizes com a própria família, mas com os amigos, sim. Os amigos são a família escolhida”, acredita a médica. “Ao lado dos amigos nós até vivemos fases difíceis, mas geralmente em uma relação de apoio”, explica.

“Não há nada de errado em ter uma família que não é legal. Quase todo mundo tem algum problema na família. Muitas vezes existe muita culpa nessa relação. Por isso, quando se tem pouco tempo de vida, muitas vezes o paciente quer preencher a cabeça e o tempo com coisas significativas e especiais, como os momentos com os amigos”.

“Dependendo da doença, existe grande mudança da aparência corporal. Muitos não querem receber visitas e demonstrar fraquezas e fragilidades. Nesse momento, precisam sentir que não vão ser julgados e essa sensação remete aos amigos”, afirma.

5. Eu gostaria de ter me deixado ser mais feliz

“Esse arrependimento é uma conseqüência das outras escolhas. É um resumo dos outros para alguém que abriu mão da própria felicidade”.

“Não é uma questão de ser egoísta, mas é importante para as pessoas ter um compromisso com a realização do que elas são e do que elas podem ser. Precisam descobrir do que são capazes, o seu papel no mundo e nas relações. A pessoa realizada se faz feliz e faz as pessoas que estão ao seu lado felizes também”, explica.

“A minha experiência mostra que esse arrependimento é muito mais dolorido entre as pessoas que tiveram chance de mudar alguma coisa. As pessoas que não tiveram tantos recursos disponíveis durante a vida e que precisaram lutar muito para viver, com pouca escolha, por exemplo, muitas vezes se desligam achando-se mais completas, mais em paz por terem realmente feito o melhor que podiam fazer. Para quem teve oportunidade de fazer diferente e não fez, geralmente é bem mais sofrido do ponto de vista existencial”, alerta.

Dica da especialista

“O que fica bastante claro quando vejo histórias como essas é que as pessoas devem refletir sobre suas escolhas enquanto têm vida e tempo para fazê-las”.

“Minha dica é a seguinte: se você pensa que, no futuro, pode se arrepender do que está fazendo agora, talvez não deva fazer. Faça o caminho que te entregue paz no fim. Para que no fim da vida, você possa dizer feliz: eu faria tudo de novo, exatamente do mesmo jeito”.

De acordo com Dra. Ana Cláudia, livros como este podem ajudar as pessoas a refletirem melhor sobre suas escolhas e o modo como se relacionam com o mundo e consigo mesmas, se permitindo viver de uma forma melhor. “Ele nos mostra que as coisas importantes para nós devem ser feitas enquanto temos tempo”, conclui a médica.

Como impor limites na medida certa para crianças - bebe.com.br

Impor limites na medida certa deixa as crianças mais autoconfiantes e felizes A cena é clássica e, dependendo da intensidade, pode ser inesquecível. A mãe precisa ir ao supermercado e decide levar seu filho junto – porque a babá está de folga ou, simplesmente, por achar que a experiência vai ser bacana. Está tudo muito bem até que o pequeno pega uma enorme barra de chocolate. A mãe sabe que ele não costuma comer aquilo e devolve a guloseima à prateleira, explicando que naquele dia não dá para levar o doce. De repente, sem mais nem menos, a criança se atira ao chão, começa a rodar em círculos, gritar e chorar desesperadamente. E a pobre da mãe, sem saber o que fazer e com vergonha de todo mundo que assiste ao show, acaba levando o chocolate para que o filho pare de berrar. Esse tipo de birra acontece com mais freqüência na faixa etária que vai dos 2 até os 5 anos e costuma desestabilizar até mesmo os pais mais calmos. Mas é importante levar em consideração algo de que a gente acaba se esquecendo durante o escândalo: muitas vezes, nossos filhos recorrem a esse tipo de estratégia como um meio para se comunicar. É que eles ainda não têm a aptidão verbal para dizer “Ei, mamãe, eu estou de saco cheio dessa compra. Será que nós podemos voltar outro dia?”. Daí, apelam ao artifício que parece mais fácil e eficiente para dizer logo do que precisam – abrir o berreiro. Na verdade, muitas vezes os pequenos estão pedindo inconscientemente ajuda para lidar com um sentimento novo e com o qual ainda não sabem lidar: a frustração de não ter o que querem na hora que querem. “Manter-se firme nesses momentos é importante porque a criança só vai se acalmar quando estiver convencida de que fazer birra não adianta”, explica a psicanalista especialista em clínica infantil Silvana Rabello, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. “Assim, precisará lançar mão de outros artifícios para obter o que deseja.” É por isso que, numa situação dessas, o ideal é encerrar a compra, levar o filho para casa e, no caminho, explicar educadamente que aquele comportamento não é adequado. Não adianta dar o que ele quer nem ficar mais nervoso do que a criança. Afinal, os pais sempre são um modelo para ela. Se o incidente se repetir, o melhor é agir como antes e explicar que, da próxima vez, ela não vai ao supermercado porque não sabe se portar naquele tipo de ambiente. Ponto. Criar limites modula o comportamento e ajuda a criança a desenvolver o respeito pelo outro, defende a psicopedagoga Wania Sorguiere, de São Paulo. “Aprender a aceitar o não é superimportante para moldar o humor do seu filho e fazê-lo entender, desde pequeno, que não se pode ter tudo”, diz a especialista. Para isso, é importante estabelecer algumas regras. Ninguém pode, por exemplo, interromper alguém que está falando, dar um tapa no rosto do colega, roubar o doce do irmão ou dizer palavras feias em público. Cabe aos adultos transmitir essas normas, por assim dizer, de conduta, além de garantir que elas sejam obedecidas em qualquer ocasião. Do contrário, o menino ou a menina vai entender que tudo aquilo não passa de um falatório momentâneo facilmente driblado por uma bela birra. É claro que toda criança, assim como todo adulto, tem impulsos naturais de agressividade e precisa colocá-los para fora. Aí, são o pai e a mãe que vão lhe ensinar a fazer isso de forma saudável, durante as brincadeiras e jogos, por exemplo. “Os pais precisam ter bom senso na hora de ensinar à criança administrar os próprios desejos e não simplesmente reprimi-los”, ensina Silvana. A calmaria reina soberana ao longo do dia, quando a garotada sabe que vai descarregar toda a energia acumulada numa atividade recreativa. A responsabilidade dos pais de servir como modelo na educação dos filhos é fundamental. Afinal, educar uma criança é educar um futuro adulto e cidadão. “O pai tem de entender que, se quer que seu filho seja respeitado pelos outros, terá que ensiná-lo a respeitar. Se deseja que ele seja persistente, precisa ensiná-lo a tolerar frustrações e por aí vai”, aconselha a psicóloga Vera Zimmermann, coordenadora do Centro de Referência da Infância e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo. Uma criança bem preparada para ser um bom adulto entende, desde cedo, que existem outras pessoas no mundo e, se ela quer ser amada, vai precisar fazer também o que os outros esperam dela. Por fim, tente se guiar por seus próprios instintos, mantendo sempre a calma diante de um show do seu filho no supermercado ou no shopping. Uma birra aqui, outra ali, sempre acabará acontecendo e isso é perfeitamente normal. Não tenha medo de dizer não. Pode ser difícil ver o pequeno chorar, mas tenha a certeza de que ele está aprendendo uma lição. No fundo, no fundo, a criança fica feliz e aliviada quando vê que existe alguém acima dela capaz de lhe dizer, em meio ao bombardeio diário de novidades, o que deve ou não fazer. Na dose certa - Se o seu filho já passou dos 5 anos e continua fazendo muita birra, sente com seu marido ou sua mulher e converse sobre o que pode estar errado. Esse comportamento talvez esteja camuflando algum problema em casa ou até mesmo na escola. - Não tenha medo de tomar atitudes que possam ser desagradáveis para você, mas necessárias para o aprendizado da criança. Ninguém gosta de colocar o filho de castigo, mas às vezes ele vai precisar desse momento, sozinho, para refletir sobre uma atitude malcriada ou algo do gênero. - Esteja ciente de que você e os outros adultos que circundam seu filho servem de modelo para ele. Assim, a criança vai copiar alguns de seus atos primeiramente em brincadeiras, mas, em seguida, nas situações reais. Portanto, esqueça o ditado “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Ele pode servir para outras situações, mas nunca com seu filho.

A terrível crise dos 2 anos - bebe.com.br

O seu bebê era um verdadeiro anjinho, mas está chegando perto dos 2 anos e parece estar encapetado? Acredite: você não é a única que passa por isso O fenômeno é comum e tem até nome: adolescência do bebê. É quando a criança se dá conta de que é um indivíduo e luta para conquistar o seu espaço – gritando, batendo nos outros ou se jogando no chão. Cabe aos pais ter muita calma, paciência e ensinar que esse comportamento não leva a nada. Em outras palavras, estabelecer limites. Para ajudá-la a lidar com essa situação tão complicada, conversamos com a psicopedagoga Larissa Fonseca, de São Paulo. 1. O que é a chamada “adolescência do bebê”? A adolescência do bebê, primeira adolescência ou os “terrible twos” – terríveis dois anos, em inglês –, como citado na literatura, é a fase em que a criança passa a se comportar de modo opositivo às solicitações dos pais. De repente, a criança que outrora era tida como obediente e tranquila passa a berrar e espernear diante de qualquer contrariedade. Bate, debate-se, atira o que estiver à mão e choraminga cada vez que solicita algo. Diz não para tudo, resiste em seguir qualquer orientação, a aceitar com tranquilidade as decisões dos pais, para trocar uma roupa, sair de um local ou guardar um brinquedo. Para completar, não atende aos pedidos e parece ser sempre do contra. 2. Esse comportamento é comum em qual idade? Normalmente, acontece a partir de 1 ano e meio até os 3 anos de idade. 3. Existe alguma causa? A causa para esse período é simplesmente o próprio desenvolvimento natural da criança. A fase dos 2 anos de idade é um período de grandes mudanças para ela. Até então, o pequeno seguia os modelos e as decisões dos pais. Gradualmente, ele passa a se perceber como indivíduo, com desejos e opiniões próprias, e isso gera uma enorme necessidade de tomar decisões e fazer escolhas por si. Sem dúvida, isso acaba gerando uma grande resistência em seguir os pedidos dos pais. Não é exatamente uma ação consciente da criança, mas uma tentativa de atender a esse desejo interior, a essa descoberta de si como um ser independente dos pais. No entanto, ao mesmo tempo em que ela quer tomar suas decisões, ainda tem muitas dificuldades para fazê-lo, dado que ainda não tem maturidade suficiente. Ela discorda até dela mesma! Se você pergunta o que ela quer comer, naturalmente ela responderá: “Macarrão”. Mas, quando você chega com o prato de comida, ela diz: “Eu não quero isso!” Suponha que você está com pressa para ir a algum lugar. Seu filho está de ótimo humor até você dizer: “Preciso que você entre no carro agora”. Ele fará tudo, menos atender à sua solicitação. É uma fase difícil para os pais e também para as crianças. É uma experiência intensa emocionalmente e repleta de conflitos, pois, ao mesmo tempo em que a criança busca essa identidade, ela não quer desagradar seus pais – por mais que isso não pareça possível. 4. Existe alguma maneira de evitar que o bebê passe por isso? Não há a necessidade de tentar evitar esse período e nem há como fazê-lo. O importante é conhecer e lidar de modo construtivo com essa fase dos pequenos. 5. Todas as crianças passam por isso? Não é uma regra. Algumas crianças demonstram essas características mais intensamente do que outras. 6. Como agir quando a criança se joga no chão e grita em um lugar público, como o supermercado e o shopping? Primeiramente, descarte palmadas, tapas, puxões de orelha ou qualquer outro comportamento agressivo para tentar conter uma birra. Antes de sair, converse com o seu filho e o contextualize sobre o passeio. Se for supermercado, por exemplo, diga como espera que ele aja, o que ele poderá pegar para si etc. Se forem a um restaurante, faça o mesmo, explique aonde vão, como espera que a criança se comporte e as consequências para o seu mau comportamento. Jamais ceda às manipulações, como choros, pedidos de ajuda e reclamação de possíveis desconfortos. Avise-o de que só vai conversar depois que ele se acalmar. Opte por disciplinar a criança após a birra, que é o momento em que ela está colocando para fora sua frustração e seu descontentamento. Após ela parar de fazer a birra, você se abaixa para conversar. É sempre muito importante que a criança compreenda o que fez e o porquê de sua ação. Evite dar broncas e repreender seu filho na frente de outras pessoas para que ele não se sinta constrangido e você também. Uma dica bacana para mudar o foco da birra é chamar a atenção da criança para outra situação. Mostre um objeto ou comece a falar de outro assunto. Ignorar a birra costuma dar ótimos resultados. Em lugares públicos, se a birra persistir e você estiver se sentindo constrangida, tire o seu filho do ambiente sem demonstrar irritação e sem conversar. Sua atitude mostrará desaprovação. 7. O que fazer quando o pequeno bate nas pessoas quando é contrariado? Esse “bater” normalmente é a expressão do seu descontentamento, o que, no caso, não é aceitável. É importante ressaltar que as crianças, assim como nós, adultos, também ficam bravas, tristes, frustradas e chateadas – isso é natural do ser humano. Ao longo da vida, ela vai se deparar com diversas situações que despertarão esses sentimentos nelas e a infância é a melhor fase para aprender a lidar com esses sentimentos inevitáveis. Assim, se quiserem contribuir de modo positivo com o desenvolvimento emocional e psicológico dos pequenos, os pais devem parar de tentar poupá-los de situações frustrantes e passar a explicar esses sentimentos, apontando caminhos para que consigam lidar com eles. A criança não nasce sabendo a lidar com seus sentimentos, ela testa suas ações e vai construindo seus modos de agir. Quando ela bate em alguém, imediatamente deve ser contida e, em seguida, os pais devem abaixar-se na altura da criança, olhar fixo em seus olhos e com voz firme conversar que entendem que o pequeno esteja bravo, mas que sua atitude é inaceitável. Explique que, se aquilo voltar a acontecer, haverá consequências negativas para ela, citando quais serão. Lembre-se de que essas consequências deverão ser algo possível de ser feito porque, se a criança repetir o comportamento desaprovado, você deverá cumprir o que falou. 8. E quando a criança bate com a cabeça na parede ou faz coisas para se machucar porque ouviu um “não”? Em geral, as crianças recorrem a esse tipo de autoagressão como mais uma tentativa de conseguir a atenção dos adultos e, quase sempre, conseguem porque descobrem que esse comportamento provoca comoção nos pais. Por mais que possa preocupar, os pais devem manter a ideia de que “sem plateia não há show”. O ideal é conter a ação da criança sem dar atenção ou demonstrar comoção pela atitude. Você pode, por exemplo, colocar um travesseiro ou uma almofada embaixo da cabeça dele e sair de perto, ou tire o pequeno do local onde está sem conversar e coloque-o em um ambiente mais seguro. Sem conseguir chamar sua atenção com a autoagressão, a criança vai buscar outras possibilidades, como apagar e acender a luz, ligar e desligar equipamentos eletrônicos etc. Só fique atenta para a possibilidade de esse comportamento estar refletindo algum problema emocional, que, aí sim, merece a atenção dos pais. Se a criança começar a apresentar comportamentos autodestrutivos, como se arranhar, bater em sua cabeça e puxar os cabelos, frequentemente em situações cotidianas, vale a pena consultar um especialista porque isso pode indicar uma tentativa da criança de evitar o contato com algo que esteja lhe causando angústia.

As primeiras sensações - Ivan Martins

 Lembra do que você sentia quando tudo começou?
Faça o teste: as coisas que você se lembra de uma paixão antiga são aquelas que aconteceram no começo. Primeiras conversas, primeiro sexo, primeira viagem, primeira vez na casa da família. Se você for mulher, talvez se lembre de sensações, mais que de eventos: a expectativa, as surpresas, o prazer de conquistar e ser conquistada. Por alguma razão, esses momentos inaugurais ficam gravados na memória como uma espécie de trauma feliz. Eles se tornam a nossa referência, uma régua existencial contra a qual comparamos o que vem depois: maior, igual, melhor, diferente, pelo-amor-de-Deus! Para o nosso azar, a régua continua medindo depois que nos metemos numa relação estável. Acasalados, nós temos amor, cumplicidade, transamos de forma intensa e regular. Nada, rigorosamente, nos faz falta. Mas a memória, como um farol oceânico quebrado, segue mandando flashes periódicos sobre os velhos tempos – e nós, miseravelmente, somos obrigados a admitir que aquela intensidade nos faz falta. Gostaríamos, se isso fosse possível, de estar lá e cá ao mesmo tempo. Ter a paz profunda e protetora de agora, com as emoções aceleradas de então. Ter o gozo profundo e a segurança da intimidade conquistada, mantendo a surpresa e o arrebatamento do sexo inicial. No mundo ideal, a mulher amada e familiar, cuja presença faz nosso coração bater tranquilo, nos chamaria, no meio da noite, com uma voz estranha – e se abriria, magicamente, a possibilidade de transar com uma desconhecida. Como o mundo ideal e a magia não existem, somos forçados a lidar com a realidade. Nela, temos de escolher, todos os dias, entre aquelas emoções iniciais e as outras, muito mais serenas, que nem sequer parecem emoções. Pense nisso: a gente se acostuma de tal forma ao conforto de uma relação estável que ela parece despida de sentimentos. O carinho e o afeto de tão presentes na rotina se tornam invisíveis. A gente só enxerga brigas, frustrações, irritações comezinhas. Qual o valor daquele abraço no meio da noite, que parece reparar alguma coisa que estivera quebrada ao longo do dia? Qual a importância daquele olhar de despedida matinal, que parece conter, simultaneamente, tantas mensagens de reafirmação? Quando a gente perde essas coisas, quando briga e fica sozinho, a importância da rede invisível se revela de forma instantânea. A alma nos cai aos pés, como dizem os espanhóis. Daí a dor inexplicável de quem achava que nada tinha a perder... Não é bom subestimar o poder de sedução das primeiras emoções. Para muitos, - sobretudo aqueles com grande capacidade de seduzir -, as sensações iniciais são uma espécie de vício. Como uma droga, mesmo. A pessoa precisa da trepidação para sentir-se viva. Tem necessidade do estado de exaltação amoroso para estar bem. O resto, o que vem depois, o momento em que o rio se espraia, manso, depois da corredeira – isso não tem graça. Então é preciso estar sempre correndo atrás da novidade, da primeira vez, da empolgação e da descoberta. É um jeito de viver – acreditando que a próxima relação, essa sim, trará a paz que se andou buscando a vida inteira. No livro Como pensar mais sobre sexo, que eu li outro dia e adorei, o filósofo Alain de Botton diz que a gente rotineiramente deseja coisas demais, contraditórias entre si. Depois de tentar sem muito sucesso sugerir fórmulas para superar a fadiga emocional dos namoros e casamentos prolongados, ele acaba concluindo que, no fundo, todos nós temos de fazer escolhas difíceis. Ou bem se vive como um adolescente cheio de tesão enquanto der, ou bem se abre mão de um punhado de coisas e tenta se construir relações duradouras e família, enquanto der. Sim, porque a vida e a biologia não vão parar, esperando que a gente se decida. O tempo avança e atropela as nossas hesitações. Da minha parte, eu tento fazer força para não tomar como um fato da vida aquilo que eu tenho todos os dias. Tento lembrar que aquela criatura ali ao lado poderia estar em outro lugar, com outra pessoa, em vez de estar aqui, me mimando com o seu carinho e a sua zelosa atenção. Pensar essas coisas dá alguma insegurança, mas ela é boa. Ela ajuda a lembrar da importância do que a gente tem. Obriga a agir com mais atenção, com mais paciência, com mais delicadeza até no trato com a parceira. Com sorte, esse estado de alerta ajuda a fazer coisas que surpreendam e encantem. Propicia gestos que alimentem a paixão. Não como no começo, não exatamente como no tempo em que o amor era novo, mas o suficiente para lembrar que ele existe. Aqui e agora, não apenas no passado.

Como dizer adeus- Ivan Martins

Como dizer adeus
Onze ideias para sobreviver ao fim, com alguma dignidade
IVAN MARTINS É editor-executivo de ÉPOCA
 Tem gente que acha simples, mas eu tenho problemas com rupturas e separações. Talvez as minhas tenham sido muito doloridas, talvez as de pessoas próximas tenham me afetado. Não sei. O fato é que basta eu ler nos jornais que Tom Cruise e Kate Holmes se separaram que uma voz dentro de mim lamenta: coitados... Minha sensação é que nós – eu, você e o Tom Cruise – não estamos preparados para ouvir ou para dizer adeus. Sabemos começar e não sabemos acabar. Damos a partida num carro, mas não conseguimos parar. Saímos de viagem felizes, mas não conseguir chegar. Um paradoxo, uma incongruência, uma experiência que não fecha. Olhe em volta. Um namoro de meses, uma vez encerrado, pode nos causar enorme sofrimento. Basta que a pessoa nos rejeite para se converter na criatura mais importante no mundo. E na mais desejada. Nem é preciso que nos dêem o fora, na verdade. Pense na outra situação: você está namorando, ou casado, e não aguenta mais. Acontece. Como se faz para terminar? O primeiro estágio, dependendo do seu temperamento, pode levar meses ou anos de infelicidade paralisante. Você não suporta mais o som, a visão ou o tato da pessoa, mas não tem coragem de contar isso a ela, embora todos os seus amigos já saibam. Até para o cobrador de ônibus você já disse que aquilo acabou, mas a outra parte ainda não foi informada. Quando os amigos olham você com o seu par, é possível ler nos olhos deles a pergunta: “Ainda”? Dá vergonha. Quando, enfim, você resolve dar o ponto final, começa o outro problema. Culpa. Avassaladora e horrorosa culpa. As pessoas vêm contar que ela está sofrendo. Ele telefona. Sua mãe (eu já vi acontecer) recebe o abandonado na casa 
dela e liga para a sua casa, pedindo clemência: “Ele gosta tanto de você”. Não é fácil ser coerente. A gente não sabe se separar, e as nossas famílias não ajudam. Acima e além de toda a comédia, porém, o que existe nessas separações é dor. Olhe para a cara das pessoas: elas estão destruídas. Não dormem, não comem, mal conseguem trabalhar. Sofrem fisicamente. Perdem peso, ganham peso, adoecem. Se a gente extraísse da dor de cada separação alguma forma de energia limpa, os problemas ecológicos do planeta estariam praticamente resolvidos. Mas não. Essa é uma dor imensa, universal e inútil. Claro, os tipos mais psicanalíticos dirão – com alguma razão – que a dor da ruptura é necessária para a nossa formação emocional. Precisamos passar por ela para entender o amor e outras coisas essenciais sobre nós mesmos. Eu concordo com a tese, mas não entendo porque ela tem de ser estendida ao infinito. Eu, por exemplo, aprendi tudo o que tinha que aprender sobre sofrimento amoroso aos 13 anos, quando aquela garota de cabelos pretos e imensos olhos castanhos resolveu se apaixonar pelo meu melhor amigo. Desde então, toda perda, separação, rejeição ou pé na bunda tem sido uma mera repetição desnecessária. Até quando? Como é impossível evitar os foras que nos darão – e aqueles que nós daremos – talvez seja melhor nos prepararmos para lidar apenas com as consequências das separações e rompimentos. Pensando nisso, usei a minha experiência, assim como a dos amigos (cuja colaboração nem sempre é voluntária), para compor um brevíssimo decálogo para uma ruptura menos dolorosa e talvez um pouco mais digna. O decálogo ficou com onze itens, e eu temo que essa não seja a sua única inconsistência. Pensem nele como postits para sair da vala. Talvez ajudem. O decálogo 1. Diga adeus de verdade. Ou aceite o adeus que lhe deram. Pontos finais podem ser o começo de alguma coisa nova. Adiamentos e meias verdades não levam a lugar nenhum, e nos envenenam. 2. Não se coloque na situação de vítima. Isso destrói a sua autoestima e não faz ele ou ela voltar. Romance que acaba é uma fatalidade tão grande quanto romance que começa. Não tem culpados. 3. Assuma a responsabilidade. Não se abandone aos sentimentos negativos, como se você não fosse responsável pelo que faz ou sente. Em outras palavras, reaja. 4. Mantenha a dignidade. Ou rasteje com moderação. Quando você não tiver mais nada, o respeito por você mesmo – e pelo outro – pode ser de grande serventia. 5. Deixe o outro em paz, dê paz a si mesmo. Ficar correndo atrás da pessoa que a deixou, ou que você deixou, é tolice. Se procurou uma vez e não deu certo, fique na sua. Insistir piora tudo. 6. Procure os amigos. Os seus amigos, não os dela. Gente querida distrai e nos faz bem. Ah, sim: mesmo com os mais chegados, tente não reclamar 100% do tempo. Autocontrole ajuda a sair do poço. 7. Recolha-se ou exponha-se, mas seja fiel a si mesmo. Nunca invente um comportamento que nada tem a ver com você para agredir o ex ou para mostrar que você é foda. Só piora. 8. Faça arte ou consuma arte. Ver um show da Marisa Monte depois de um pé na bunda pode ser uma experiência transcendental. Assim como escrever poemas ruins, que você rasgará (ou não) depois de alguns meses. 9. Não perca pontos correndo atrás do ex anterior, a não ser que tenha virado amizade. Se ele ou ela ainda gostar de você, aproveitar-se para tentar se consolar é desprezível. E não funciona. 10. Lembre: da outra vez você sobreviveu. É importante ter isso em mente. As dores passam e a gente se apaixona de novo, mesmo que no momento isso pareça extremamente improvável. 11. Se a barra pesar demais, procure um analista. Ou mesmo um médico. Eles estão ai para nos socorrer quando o amor vira doença. Se você se assustar com você mesmo, é hora de pedir ajuda. Funciona.