quarta-feira, 22 de maio de 2013

Onde estão as moedas? Joan Garriga Bacardi

Onde estão as Moedas?
Este conto apresenta de forma muito especial as chaves do vínculo entre pais e filhos.
Numa noite qualquer, uma pessoa, da qual não sabemos se é um homem ou uma mulher, teve um sonho, um sonho com os pais. Neste sonho seus pais apareciam e lhe davam algumas moedas, não sabemos quantas eram, se uma dúzia ou uma centena, nem de que metal eram feitas, se eram de ouro, de prata, de cobre, de ferro ou mesmo de argila. O sonhador as recebia de bom grado porque eram as moedas que seus pais lhe davam, eram as exatas que necessitava e merecia, para levar sua vida. Satisfeito agradeceu aos pais pelas moedas recebidas tomando-as por inteiro. E o sonhador termina a noite de sono tranqüilo, descansado e pleno. Ao amanhecer, desperta bem disposto e resoluto em ir à casa dos pais para comentar o sonho e agradecer as moedas recebidas. Indo até os pais, comenta o sonho e agradece as moedas recebidas, em profunda gratidão. Seus pais, vendo a atitude do filho, sentem-se grandes, ainda maiores e mais bondosos do que haviam sido e orgulhosos do filho. Dizem-lhe então: Estas moedas são para você, use-as como quiser e não precisa devolvê-las, são nossa herança para você. E este filho segue seu caminho satisfeito e pleno, capaz de enfrentar e vencer qualquer desafio, com a certeza de haver recebido as exatas moedas que necessitava e merecia de seus pais, suficientes para empreender sua caminhada. De tempos em tempos volta-se para trás, em direção à casa dos pais, e sente-se revigorado e pleno para seguir e realizar sua vida.

Acontece, que em outra noite qualquer, um outro sonhador tem um sonho parecido, que costuma acontecer com qualquer um de nós, mais cedo ou mais tarde, de ter um sonho com os pais. Neste sonho, o sonhador recebe dos seus pais algumas moedas, que não sabemos se uma dúzia, uma centena ou apenas umas tantas, nem de que metal eram feitas, se de ouro, de prata, de cobre, de ferro ou mesmo de argila. Mas este sonhador não aceita as moedas dos pais. Ele diz: Estas não são as moedas que necessito, preciso e mereço, por isto não as tomo e deixo-as com vocês. Se eu as tomasse minha vida se tornaria pesada e, portanto, fiquem com elas. E este sonhador segue pela noite intranqüilo, com o sono entrecortado e desperta muito cedo, cansado e ansioso por ir até a casa dos pais, contar-lhes a respeito do sonho. Lá chegando, diz aos pais sobre o sonho e que aquelas moedas não lhe interessam, que aquilo que eles tinham para ele não eram as moedas que ele necessita e merece, deixando-as portanto com eles. Os pais ouvindo isto, tornam-se ainda menores, humilhados, como costuma acontecer quando um filho não toma seus pais, seus ensinamentos e sua herança, tal como foi; e retiram-se para seu quarto. E este sonhador, tomado de uma estranha força, sente-se fortalecido e vingado, havendo acertado as contas com seus pais, e sai para a vida decidido a encontrar suas moedas, as que justo necessita e merece. Com alguém elas devem estar.

E tomado por esta força, estranhamente falsa, vai pela vida em busca de um parceiro, procurando pelas moedas que necessita e crê poderem estar com ele. As vezes tem a sorte de encontrar alguém e
mais sorte ainda desta relação durar algum tempo. Quando isto ocorre, com o passar do tempo o sonhador percebe que seu parceiro não tem as moedas que necessita e merece, e o relacionamento perde todo seu encanto, ficando para trás. E o sonhador segue em busca de outra pessoa que talvez, desta vez, tenha as suas moedas. E de relacionamento em relacionamento, segue em busca de suas moedas e desencantos, porque nenhum deles tem as moedas que necessita e merece.

Outras vezes, o sonhador tem um filho e, ao engravidar, cria a forte expectativa de que este filho terá as moedas que necessita e merece, e o aguarda ansioso e cheio de esperanças. Mas a vida é como é; os filhos crescem e seguem seus próprios caminhos, e tampouco eles tem as moedas que o pai ou a mãe procuram. E nesta busca incessante, o tempo vai passando até que o desespero toma conta: onde estarão minhas moedas, justo as que necessito e mereço para levar minha vida?

Então, algumas vezes, vão em busca de um terapeuta, na certeza de que eles sim saberão das moedas. Mas há dois tipos de terapeutas: um que acredita que tem as moedas que seu cliente procura; e outro que sabe que não as tem, mas está disposto a ajudá-lo a procurá-las. Quando tem a sorte ou a sabedoria de encontrar este segundo tipo de terapeuta, dá-se início a um processo de auto-consciência e aprendizado, onde o sonhador vai percebendo aspectos antes ignorados, apropriando-se de sua própria vida, pouco a pouco.Até que num belo dia o terapeuta se dá conta de que o sonhador já está pronto para saber onde estão suas moedas. E neste mesmo dia, não apenas por coincidência, o sonhador vem para a terapia e diz: Eu já sei onde estão as moedas. Ainda estão com os meus pais. E resoluto, empreende o retorno à casa dos pais, em busca das justas moedas que necessita e merece. Chegando à casa dos pais, arrependido e amadurecido, toma-os por inteiro, tal como foi, aceitando feliz e de bom grado as moedas que eles tem para si, exatamente as que precisa, necessita e merece para levar sua vida em plenitude.

E seus pais, reconhecidos e aceitos inteiramente pelo filho, tornam-se ainda maiores, mais dignos e responsáveis, podendo ser ainda mais generosos.E assim, o sonhador encontra seus caminhos, com a fortaleza da herança dos pais: agradecendo a vida recebida; dizendo sim a tudo, tal como foi, libertando-se de todas as mágoas, deixando as responsabilidades com quem de direito; e tomando sua própria vida em suas mãos, com a benção de seus pais, para que, agora possa buscar sua felicidade.



Ter filho não é pra todo mundo- José Martins Filho


Ter filho não é pra todo mundo

Vamos ser francos: quem realmente tem capacidade para se dedicar a uma criança como deveria. Faça a análise antes de ter uma

Será que todos os seres humanos precisam ser pais? Não sei. Cuidar bem de uma criança, além de ser de sumária importância, dá um trabalho danado. Crianças choram à noite, nem sempre dormem bem, precisam de cuidados especiais, de limpeza, de banho, alimentação, ser educadas e acompanhadas até a idade adulta. E, principalmente: crianças precisam da presença dos pais, sobretudo as menores, que requerem a mãe na maior parte de seu tempo. Não é dando dois beijinhos pela manhã antes de ir para a creche, ou colocando a criança para dormir à noite, que será possível transmitir segurança, afeto e tranquilidade. Escuto muito a seguinte frase: “Doutor, o que interessa é a qualidade do tempo junto e não a quantidade”. Duvido. Diga ao seu chefe que você vai trabalhar apenas meia hora por dia, mas com muita qualidade. Certamente ele não vai gostar. Seu filho também não. 

Sejamos sinceros, nem todo mundo está disposto a arcar com esse ônus. Talvez seja melhor adiar um projeto de maternidade, e mesmo abrir mão dessa possibilidade, do que ter um filho ao qual não se pode dar atenção, carinho e presença constante. Lembre-se que é preciso dedicar um tempo razoável: brincar junto, fazer os deveres de casa, educar, colocar limites. 

Como fazer tudo isso e ainda continuar no mercado de trabalho? Usando seu horário de almoço para comer junto com seu filho. Fazendo visitas na creche durante o dia. Passeando no final de semana, em atividades em que a criança seja prioridade, como praia, parques, jogos em conjunto. Por favor, isso não inclui shopping center. 

Sou obrigado a fazer todas essas coisas? Claro que não. Mas ser pai e ser mãe também não é uma obrigação, sobretudo nos dias de hoje em que a vida oferece infinitas possibilidades. Trata-se de uma escolha. E, como toda escolha, pressupõe que você abra mão de outras tantas. O que se propõe? A volta da mulher à condição de dona de casa? Também não. O que se propõe é a conscientização da paternidade e maternidade. A infância determina a vida de todos nós. Ela é fundamental para a existência humana. Na esfera psíquica, os primeiros dois anos significam a base da construção de uma personalidade saudável. A violência, a agressividade, a falta de ética, a amoralidade dos tempos modernos não são apenas fruto de dificuldades econômicas e sociais, mas da falta de amor, educação, limites. 

Com a vida moderna, as crianças passaram a ocupar um papel secundário ou terciário na vida familiar. Lembre-se de que o futuro da humanidade vai depender dessas crianças que, provavelmente, chegarão aos 100 anos de idade. Fico triste quando, no consultório, a mãe não pode estar presente, ou o pai. E nem mesmo a avó: apenas a babá. 

Deveríamos fazer uma análise tranquila antes da maternidade ou da paternidade. Queremos mesmo mudar nossa vida? Vamos ter condições de participar intensamente da vida desse novo ser? Se lograrmos essa consciência, tenho certeza de que o mundo irá melhorar. 


José Martins Filho é médico pediatra, autor do livro A Criança Terceirizada, professor e pesquisador do Centro de Investigação em Pediatria

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Ciclo da auto-sabotagem


Ciclo da auto-sabotagem 

 Homem abandona família, mas foi exatamente isso que ele prometeu não fazer, pois seu pai havia feito a mesma coisa e ele sabia o quanto era dolorido para todos. 
- Mulher troca de namorado pois foi traída muitas vezes,  mas cada vez arruma outro igualzinho o anterior, com os mesmos defeitos. 
-Homem tem um chefe difícil de agradar, mas não é que esse chefe é igualzinho ao seu pai?
Coincidência ou auto-sabotagem? São comportamentos repetitivos. Auto sabotagem é a tendência a repetir atitudes destrutivas.
Comportamento repetitivo
Nossa vida é feita de comportamentos repetitivos, por exemplo, você escova os dentes todos os dias, mas se alguém lhe perguntar quantas vezes escovou hoje talvez você tenha que pensar se escovou mesmo. 
Lembra-se de ter fechado a porta hoje? Não? Porque não lembra? Porque esse é um comportamento repetitivo. É automático.
Estes comportamentos são inofensivos, mas temos observar os comportamentos repetitivos que nos destroem pois não os percebemos da mesma forma que não percebemos se fechamos a porta. 
Observe o exemplo da mulher que só arruma namorado que a trai. Será que 100% dos 
homens traem, ou 100% dos homens que ela coloca na vida dela a traem. Porque ela faz isso? Ela QUER ter homens traindo-a? Claro que não, pois o sofrimento é insuportável. Então porque ela faz isso? Resposta: Auto sabotagem.


Como nos auto sabotamos?

Nós nos automatizamos. Quando trocamos a marcha do carro não pensamos: “Agora está na hora de pisar na embreagem e trocar de segunda para terceira”? Não, nós simplesmente trocamos. Porque? Porque aprendemos a automatizar comportamentos. O problema é quando automatizamos coisas que nos fazem mal. O problema é quando explodimos e depois vemos que estamos acabando com nossos relacionamentos por explodir tanto. “Mas eu não consigo parar de explodir. Porque faço isso?” Porque  você se auto-boicota. Você se auto-sabota. Destrói a própria  vida e não percebe a sua responsabilidade nisso tudo.
Algumas repetições destroem a vida da pessoa e deixam esta pessoa muito frustrada.
Ex: Você já comeu meio ovo de páscoa, nem está mais gostando de comer tanto chocolate, mas continua até se empanturrar e se arrepender de ter comido tanto. Isso é auto-sabotagem.
Veja o exemplo do homem que trai sua esposa com pessoas que nem são tão importantes assim para ele. Mas ele continua nesses relacionamentos mesmo sabendo do risco de acabar seu casamento, e acabar por nada, por alguém que significa muito pouco. Porque ele continua nesse ciclo vicioso? Porque ele faz coisas que destroem a própria vida?
Porque a mulher que tinha um namorado agressivo, troca de namorado e arruma outro também  é agressivo? Mas que coincidência seu pai era agressivo? Será coincidência?
Repetimos padrões da infância mesmo que esses padrões estejam prejudicando nossa vida.


Como mudar?

Conscientizar-se sobre o ciclo da repetição é o primeiro passo para você superá-lo.
Perceber que você está trocando de mulher, mas toda vez está com o mesmo tipo de mulher que não te agrada.
Perceber que troca de namorado , mas está sempre com a mesmo tipo de pessoa sem atitude (que por coincidência é seu pai escrito).
É o comerciante que está sempre arriscando um novo negócio, que nunca dá certo, mas quando vai ver lá está ele de novo fazendo a mesma coisa.
Sabe aquele amigo que vive te pedindo dinheiro emprestado e nunca devolve,  você continua emprestando? Porque  você faz isso? Por pura auto sabotagem.
Sabe aqueles finais de semana inteiros que você passa no sofá? No domingo à noite está morto de arrependimento por não ter feito nada que preste. Promete que no próximo fim de semana vai ser diferente, mas no próximo faz tudo igual. Porque ? Auto sabotagem!
São vidas infernizadas pela compulsão da repetição. Uma necessidade inconsciente de repetir um comportamento mesmo que destrua a felicidade ou a vida de alguém.
A pessoa que não consegue administrar seu tempo, que sabe que sabe fazer as coisas mas, simplesmente não consegue colocar a vida em ordem. Olhe bem e você vai ver  que essa pessoa teve um pai que cobrava e cobrava, que  queria que ela fosse a mais competente do mundo. Ou seja, essa pessoa continua brigando com o pai, que talvez esteja até morto hoje. Como esse pai vai influenciar lá do tumulo? Acredite em mim, ele influencia. Quem influencia não é o pai, mas a figura internalizada do pai.
Você pode estar se perguntando: Mas é possível que uma hora a pessoa consiga se dar conta disso e reconhecer esse ciclo de repetições? É possível romper esse ciclo? A resposta é SIM, mas concordo que não é fácil. Pois se a pessoa passou uma vida construindo uma percepção equivocada terá medo de mudar, de contestar o que sempre foi uma "lei".
Tenho como exemplo uma paciente que ficou totalmente desestruturada depois que assistiu na TV toda a reportagem da queda do avião. Ela não costuma viajar de avião, não conhecia ninguém daquele avião, e nem as pessoas de seu convívio costumam viajar de avião. Mas porque então ela ficou tão chocada, abalada, sem sequer conseguir sair de casa depois daquela noticia? O entendimento disso veio quando na terapia ela percebeu que esse mesmo sentimento de terror lhe aparecia quando tinha sido abusada sexualmente na infância. Era o mesmo desespero, o mesmo desamparo. Não era à toa que a queda do avião tinha mexido tanto com ela. É o mesmo ciclo de repetição que agora funciona como auto sabotagem.
As pessoas enterram as situações traumáticas de suas vidas, mas não significa que elas estejam mortas. Elas continuam como se fosse uma marca indelével.  Essa moça já foi uma criança indefesa se sentindo frágil, mas agora mesmo adulta continua emocionalmente frágil, carregando dentro de si essa menina assustada. Ela não sabia por que, não sabia explicar. As crianças não conseguem controlar suas vidas, e ela se sentia ainda hoje como se não pudesse controlar sua vida.
É por isso que é muito difícil identificar esse conteúdo interno, porque a pessoa passa anos tentando ocultar isso tudo, não só dos outros, mas ocultando de si mesma. Mas se este conteúdo está escondido saiba que é por uma boa razão, a auto defesa. Por isso é preciso muita responsabilidade da pessoa que vai desenterrar tudo isso -o psicologo a quem você confiou sua "cabeça". Veja bem pra quem você está entregando a sua história de vida, com que você vai fazer terapia e que tipo de psicoterapia vai fazer.
Identificar quais são os entraves de sua mente é só uma parte do processo. A parte mais importante e que vai realizar mudanças em seu comportamento é quando você desenvolve uma nova forma de ver o mundo. E o psicólogo é a pessoa que o ajuda neste processo. Para lhe ensinar estratégias que promoverão as mudanças que você quer em sua vida.
Antigamente o psicólogo era daquele tipo que aparece nos filmes mal feitos e novelas da TV. Ficavam calados só te ouvindo sem dividir com o paciente o que  lhe passa na cabeça. Hoje tanto a Terapia Cognitiva Comportamental como a psicanálise mudaram a forma de terapia. O  psicólogo é muito mais participativo. Ele vive junto com o paciente as transformações de cada um, pode até dar exercícios para  serem feitos em casa.
O que a pessoa que está se autossabotando precisa e procura é um novo modo de lidar consigo mesmo e com o mundo.
Por exemplo, o caso da garota que se reprime e não consegue frequentar academia, por mais que ela queira fazer sua ginástica, emagrecer, ficar com o corpo bonito, ela pensa que se for para a tal academia as pessoas vão olhar para as suas roupas, vão cochichar entre elas e dizer que ela está ridícula, vão rir dela, e no fim ela não vai conseguir fazer nenhum amigo porque todos já estarão enturmados, e ela se sente um peixe fora d’água.
E você?  Você está repetindo um ciclo vicioso? Isso é auto sabotagem. Você quer e precisa fazer academia, mas não faz? Porque sua cabeça está ocupada demais preocupada com o que vão pensar de você. Essa preocupação se torna mais importante do que você cuidar do seu corpo. É justo? Não. Absolutamente não.


Porque essas pessoas se sabotam tanto?

Talvez elas tenham vivido uma infância inteira se sentindo inadequadas. Talvez tenha havido pessoas  fazendo-as se sentirem sem direitos, sem direito de se expressar ou de simplesmente fazer parte da vida. E assim ninguém nunca as viu como pessoas interessantes. E é assim que elas se sentem. As mosquinhas do cavalo do bandido.
Por conta desse sentimento que recebo muitos pacientes me contando, por exemplo, do marido agressivo. Ela passa uma vida toda, semana após semana sendo agredida por ele. Mulheres que tem toda condição financeira de manter-se sozinhas, mas não tem condição emocional para ficarem sozinhas, então vivem com o inimigo num processo de total auto sabotagem . Porque ela repete isso? Com certeza teve em sua vida alguém significativo que a ensinou a agüentar agressões, a suportar quieta essa pessoa a fez acreditar que ela não é ninguém, que ela só vai conseguir uma migalha de amor, e pra conseguir essa migalha de amor, ela precisa suportar o que quer que seja. Então ela passa a vida suportando agressões, e até procura , inconscientemente claro, pessoas que a agridam, para manter o esquema. Tudo isso só porque ela acreditou que essa é a única forma de receber um mínimo de amor.

Como funciona a terapia nos casos de autosabotagem?

O primeiro passo é perceber que a auto sabotagem não precisa continuar. Você  pode mudar esses esquemas e acabar com auto-sabotagem. A Terapia  ensina estratégias pra que você supere isso e lhe ajuda a rever suas vivências de refazer aprendizados. Existe até lição de casa pra você praticar um novo modo de funcionar. 
Porque as pessoas se auto-sabotam desse jeito? As pessoas fazem isso porque existe uma compulsão a repetição. Internamente acreditam que essa repetição é a única forma de viver razoavelmente bem. Mas não é . É por isso que ela precisa de um olhar de um profissional treinado. Alguém que veja sua estória com clareza.
As pessoas resistem em fazer terapia porque acreditam que não há chance dela sair dessa. Crêem não haver esperança pra esse sofrimento. Mas há sim. Deixar de se tratar e continuar nesse sofrimento é ser covarde pra encarar a mudança.
Pense bem, se você tem a oportunidade de fazer mudanças em sua vida para que arrumar desculpas como: não tenho tempo... não tenho dinheiro...? Daqui a pouco está comprando o ultimo modelo de celular,  está comprando mais roupas do que  cabe no guarda roupa, está  gastando com restaurantes, mas pra se cuidar não tem dinheiro? Pra mudar seus padrões de pensamento e comportamento que estão destruindo sua vida você não disponibiliza nenhum recurso.
Para entender como a repetição de comportamentos, ou seja a auto-sabotagem, começa vamos lembrar daquela menina que usava os sapatos da mãe - quando cresce é claro que vai ter o mesmo estilo de se vestir da mãe.
O garoto que passou todas as férias da sua infância indo para a uma certa praia. Quando cresce vai levar sua nova família para a mesma praia (para o desespero desta família).
Essa pessoa não tem espaço para  mudanças, e nem para imaginação.


Porque as pessoas repetem e repetem as mesmas coisas?

Porque elas aprenderam que essa era a coisa certa a fazer. Talvez sua família tenha zombado das pessoas que faziam as coisas de forma diferente, e assim a criança aprende que só uma forma de fazer as coisas, que será da forma que sua família fazia. Os pais são alcoólatras e a casa é uma bagunça, então a criança acredita que é assim que as casas são.
Só quando a criança cresce e observa outros estilos de vida é que pode perceber que o estilo da sua não é o único nem o melhor. Mas mesmo assim muitos não mudam. Por quê? Por que a família já ensinou que ele só vai receber amor e atenção  se ele continuar a repetir o que sua família impôs. É como se dissessem “só vou gostar de você se você for igual a mim”. Mesmo que não digam em palavras.
A tragédia acontece quando a pessoa topa e passa a repetir o que os pais fizeram, sempre tentando alcançar o amor e a aceitação.
Muitas vezes as pessoas vêm para terapia porque estão com dificuldades em seus casamentos, dificuldades no trabalho, dificuldades em relacionamentos sociais, e nem percebem qual foi o inicio disso tudo.
O que acontece é uma imensa confusão interior.
Essas são aquelas pessoas que  casam com alcoólatras depois de terem sofrido anos com pais alcoólatras. Não entendem como entram em uma fria atrás da outra, não entendem como continuam a comprar o que não precisam e não podem pagar. Tudo isso tem um nome - auto sabotagem. E você só sai dela quando entende a sua dinâmica interna e mudar essa dinâmica.


sexta-feira, 22 de março de 2013

Depressão Pós-Parto - Denise Franco Vicente



Quem tem filho sabe que essa experiência pode ser umas das coisas mais gratificantes na vida de uma mulher e um dos momentos mais felizes na vida do novo casal. Mas isso não significa que esse momento não venha acompanhando de experiências difíceis e estressantes, especialmente se levarmos em consideração as mudanças físicas e emocionais pelas quais a mulher passa durante a gestação e logo após o parto. Essas mudanças geram sentimentos negativos tais como tristeza, ansiedade e medo. Felizmente para a maioria das mulheres esses sentimentos vão embora logo nas primeiras semanas de vida de bebê. Mas quando os sintomas permanecem ou pioram, a mulher pode estar diante de um quadro de Depressão Pós-parto, uma condição séria que requer tratamento psicológico e médico.


Para ficar mais fácil entender, vamos classificar a Depressão Pós-Parto em 3 tipos:

Baby Blues ou Blues Puerperal (chamado também de Tristeza Materna): é comum a maioria das mulheres após darem a luz. Caracteriza-se por uma sensação de ansiedade, irritação, tendência a chorar e inquietação. Esses sintomas não duram mais que um mês e desaparecem sem a necessidade de tratamento.

Depressão Pós-Parto: são sentimentos similares aos do Baby Blues, porém mais intensos e não desaparecem após as primeiras semanas do parto. Normalmente o sinal de que a mulher deve procurar ajuda é quando suas atividades do dia-a-dia são afetadas (especialmente no que diz respeito ao cuidado com o bebê).

Psicose Pós-Parto: é mais rara e mais grave que a Depressão Pós-Parto, pois há perda de contato com a realidade, incluindo delírios, alucinações, humor instável, fala desorganizada, medo patológico e comportamentos violentos contra si ou outras pessoas. Neste caso a internação pode se fazer necessária.



Uma curiosidade é que os papais também podem ter sintomas de depressão após o nascimento do bebê, mas os sintomas costumam ser menos intensos e tem origem no sentimento de exclusão diante da nova relação mãe- bebê.



Quais são os sintomas mais comuns da Depressão Pós-Parto?
Tristeza;

Desesperança;

Baixa auto-estima;

Culpa;

Distúrbios de sono e alimentação;

Cansaço e falta de energia;

Desinteresse Sexual;

Ansiedade e irritabilidade;

Sentimento de incompetência;

Isolamento Social;

Choro constante.

Também é comum a nova mamãe se sentir incapaz de cuidar do bebê, ficar com medo de ficar sozinha com ele, ter sentimentos negativos em relação ao bebê, preocupar-se demais com ele ou demonstrar pouco interesse nele.

Agora, lembrem- se que ter alguns desses sintomas de vez em quando não necessariamente indica um quadro de Depressão Pós-Parto. Para que o diagnostico seja feito, é necessário que vários desses sintomas estejam presentes freqüentemente e perdurem por mais de um mês após o parto.

Quais são as causas da Depressão Pós-Parto?

É um transtorno multifatorial, ou seja, envolve fatores biológicos, psicológicos e sociais. Os principais responsáveis são as grandes alterações hormonais que ocorrem durante a gestação e logo após o parto, mas há outros fatores que devem ser levados em consideração, tais como:

Não ter planejado ou desejado a gravidez;

Quadros de depressão ou transtorno bipolar anteriores à gestação, incluindo Depressão Pós-Parto em uma gravidez anterior;

Problemas durante a gravidez, como doença, morte, parto difícil (prematuro ou de emergência), ou problemas de saúde do bebê;

Relação difícil com o parceiro e/ou falta de apoio da família e amigos;

Problemas financeiros;

Dificuldade de voltar ao trabalho e mudanças nas relações sociais;

Alterações no corpo e diminuição do tempo e liberdade;

Privação do sono;

Uso abusivo de álcool, drogas ou cigarro.


Qual é o tratamento mais indicado para Depressão Pós-Parto?

O tipo de tratamento vai depender do quão severo é o quadro. Na maioria das vezes, somente a psicoterapia já é suficiente para reverter o quadro, embora muitas vezes haja a necessidade de associar ao tratamento algum tipo de medicação (antidepressivos). Somente em casos raros a internação é recomendada.

É fundamental que a mamãe procure ajuda o quanto antes, pois se não tratada, a Depressão Pós-Parto poderá durar meses ou anos, acarretando riscos para a mãe e o bebê. Também é fundamental não interromper o tratamento, mesmo se a mulher achar que já esta melhor, porque a depressão pode voltar de repente se não tratada adequadamente.

Dicas úteis para ajudar a nova mamãe a enfrentar e vencer a Depressão Pós-Parto:

Procure ajuda terapêutica o mais rápido possível;

Procure falar abertamente sobre seus sentimentos com seu parceiro, amigos e familiares, especialmente mamães que podem trocar experiências com você;

Não seja dura com você mesma: peça ajuda para atender às necessidades do bebê;

Procure ter uma alimentação saudável e pratique atividade física regularmente;

Evite grandes mudanças na sua vida durante a gestação ou logo após o nascimento do bebê;

Reserve um tempo para cuidar de si, sair ou ficar sozinha com o parceiro;

Aproveite para dormir quando o bebê dormir: o repouso é fundamental!

E lembre- se: Depressão Pós-Parto tem tratamento! Sem os sintomas, você poderá curtir cada nova fase do seu pimpolho (a) e aproveitar essa experiência única e especial na vida de uma mulher: ser mãe, sem culpa, e sem neuras!



Denise Franco Vicente