sexta-feira, 22 de março de 2013

Depressão Pós-Parto - Denise Franco Vicente



Quem tem filho sabe que essa experiência pode ser umas das coisas mais gratificantes na vida de uma mulher e um dos momentos mais felizes na vida do novo casal. Mas isso não significa que esse momento não venha acompanhando de experiências difíceis e estressantes, especialmente se levarmos em consideração as mudanças físicas e emocionais pelas quais a mulher passa durante a gestação e logo após o parto. Essas mudanças geram sentimentos negativos tais como tristeza, ansiedade e medo. Felizmente para a maioria das mulheres esses sentimentos vão embora logo nas primeiras semanas de vida de bebê. Mas quando os sintomas permanecem ou pioram, a mulher pode estar diante de um quadro de Depressão Pós-parto, uma condição séria que requer tratamento psicológico e médico.


Para ficar mais fácil entender, vamos classificar a Depressão Pós-Parto em 3 tipos:

Baby Blues ou Blues Puerperal (chamado também de Tristeza Materna): é comum a maioria das mulheres após darem a luz. Caracteriza-se por uma sensação de ansiedade, irritação, tendência a chorar e inquietação. Esses sintomas não duram mais que um mês e desaparecem sem a necessidade de tratamento.

Depressão Pós-Parto: são sentimentos similares aos do Baby Blues, porém mais intensos e não desaparecem após as primeiras semanas do parto. Normalmente o sinal de que a mulher deve procurar ajuda é quando suas atividades do dia-a-dia são afetadas (especialmente no que diz respeito ao cuidado com o bebê).

Psicose Pós-Parto: é mais rara e mais grave que a Depressão Pós-Parto, pois há perda de contato com a realidade, incluindo delírios, alucinações, humor instável, fala desorganizada, medo patológico e comportamentos violentos contra si ou outras pessoas. Neste caso a internação pode se fazer necessária.



Uma curiosidade é que os papais também podem ter sintomas de depressão após o nascimento do bebê, mas os sintomas costumam ser menos intensos e tem origem no sentimento de exclusão diante da nova relação mãe- bebê.



Quais são os sintomas mais comuns da Depressão Pós-Parto?
Tristeza;

Desesperança;

Baixa auto-estima;

Culpa;

Distúrbios de sono e alimentação;

Cansaço e falta de energia;

Desinteresse Sexual;

Ansiedade e irritabilidade;

Sentimento de incompetência;

Isolamento Social;

Choro constante.

Também é comum a nova mamãe se sentir incapaz de cuidar do bebê, ficar com medo de ficar sozinha com ele, ter sentimentos negativos em relação ao bebê, preocupar-se demais com ele ou demonstrar pouco interesse nele.

Agora, lembrem- se que ter alguns desses sintomas de vez em quando não necessariamente indica um quadro de Depressão Pós-Parto. Para que o diagnostico seja feito, é necessário que vários desses sintomas estejam presentes freqüentemente e perdurem por mais de um mês após o parto.

Quais são as causas da Depressão Pós-Parto?

É um transtorno multifatorial, ou seja, envolve fatores biológicos, psicológicos e sociais. Os principais responsáveis são as grandes alterações hormonais que ocorrem durante a gestação e logo após o parto, mas há outros fatores que devem ser levados em consideração, tais como:

Não ter planejado ou desejado a gravidez;

Quadros de depressão ou transtorno bipolar anteriores à gestação, incluindo Depressão Pós-Parto em uma gravidez anterior;

Problemas durante a gravidez, como doença, morte, parto difícil (prematuro ou de emergência), ou problemas de saúde do bebê;

Relação difícil com o parceiro e/ou falta de apoio da família e amigos;

Problemas financeiros;

Dificuldade de voltar ao trabalho e mudanças nas relações sociais;

Alterações no corpo e diminuição do tempo e liberdade;

Privação do sono;

Uso abusivo de álcool, drogas ou cigarro.


Qual é o tratamento mais indicado para Depressão Pós-Parto?

O tipo de tratamento vai depender do quão severo é o quadro. Na maioria das vezes, somente a psicoterapia já é suficiente para reverter o quadro, embora muitas vezes haja a necessidade de associar ao tratamento algum tipo de medicação (antidepressivos). Somente em casos raros a internação é recomendada.

É fundamental que a mamãe procure ajuda o quanto antes, pois se não tratada, a Depressão Pós-Parto poderá durar meses ou anos, acarretando riscos para a mãe e o bebê. Também é fundamental não interromper o tratamento, mesmo se a mulher achar que já esta melhor, porque a depressão pode voltar de repente se não tratada adequadamente.

Dicas úteis para ajudar a nova mamãe a enfrentar e vencer a Depressão Pós-Parto:

Procure ajuda terapêutica o mais rápido possível;

Procure falar abertamente sobre seus sentimentos com seu parceiro, amigos e familiares, especialmente mamães que podem trocar experiências com você;

Não seja dura com você mesma: peça ajuda para atender às necessidades do bebê;

Procure ter uma alimentação saudável e pratique atividade física regularmente;

Evite grandes mudanças na sua vida durante a gestação ou logo após o nascimento do bebê;

Reserve um tempo para cuidar de si, sair ou ficar sozinha com o parceiro;

Aproveite para dormir quando o bebê dormir: o repouso é fundamental!

E lembre- se: Depressão Pós-Parto tem tratamento! Sem os sintomas, você poderá curtir cada nova fase do seu pimpolho (a) e aproveitar essa experiência única e especial na vida de uma mulher: ser mãe, sem culpa, e sem neuras!



Denise Franco Vicente