quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Ele não quer namorar



Ele não quer namorar?
O romantismo destrutivo dos homens que não se decidem
IVAN MARTINS

O mundo parece estar cheio de homens que não querem namorar. Eles me contam isso, as mulheres que saem com eles dizem isso. Eu não entendo. Que o sujeito hesite em morar junto, casar, ter filhos, comprar apartamento pelo SFH – tudo isso me parece compreensível. Esses são grandes passos e nem todos estão prontos para o compromisso. Mas namorar, tanto quanto eu sei, não dói. Andar de mãos dadas, viajar no feriado, ir ao cinema no sábado à tarde são atos no campo do prazer, não do dever. Não deveriam constituir um problema. No entanto... 

Pergunte às mulheres e ouça o que elas têm a dizer sobre o assunto. Essencialmente, vão contar que os caras só querem o bilhete de ida. Estão a fim de uma viagem única. Se gostar do sexo, do agarro, do beijo, o sujeito volta; ou não. Tudo é negociado um dia de cada vez. Não há laços, nem fins de semana assegurados, muito menos exclusividade. Esta situação, que antes seria considerada transitória, agora pode durar indefinidamente. Do ponto de vista de algumas mulheres com quem eu tenho conversado, os relacionamentos ficaram parecidos com empregos precários: não há contrato, não há garantias e aviso prévio não existe. Pode acabar a qualquer instante, já que oficialmente nunca começou. É o amor terceirizado. 
Da parte dos caras, a queixa é outra. “Eu não me envolvo”, eles reclamam. Sai moça, entra moça, e fica o mesmo vazio. A mulher que parecia espetacular perde o brilho em poucos dias. A empolgação inicial não se sustenta. Tudo se resume a um desejo passageiro, que pula de uma dona para outra. Como nada ganha relevo, tudo é igual a tudo. Então se trata, simplesmente, de administrar uma agenda com vários nomes. Isso inclui Facebook, celular e muitas horas vazias e solidão. Um dia a Fulana, outro dia a Sicrana, amanhã, quem sabe, alguém capaz de fazer diferença. Em cada uma delas, novidade e prazer. Nos intervalos entre elas, ansiedade e tédio. Entre uma e outra, angústia. 
Como eu já disse, não entendo muito bem essa dificuldade. Acho bom demais namorar. Melhor coisa do mundo, na verdade. Os primeiros meses de namoro são melhores que banho de cachoeira, melhor que pegar jacaré no fim de uma tarde de verão, melhor que ficar bebum em companhia de amigos queridos. No namoro a gente descobre (ou redescobre) que pode ser feliz, que o nosso romantismo não morreu, que existe dentro de nós um sujeito capaz de gestos arrebatados e pensamentos delicados, um cara que se lembra de comprar um presente inesperado e de mandar um poema no meio da tarde, pelo celular. Quem não gosta de sentir-se assim levanta a mão - e corre assim mesmo, de mão erguida, para o analista mais próximo!  

Então, não acho que os homens tenham problemas com isso. Seria desumano. Minha impressão é que há dois tipos de situações, a simples e a complexa. A simples é realmente simples: ele não quer namorar você, mas não significa que não queira namorar em geral. As mulheres às vezes confundem. Criam fantasias sobre as dificuldades afetivas de um cara que apenas não está a fim delas, mas cai de quatro dias depois pela próxima mulher que entra na vida dele. Isso acontece o tempo todo. É do jogo. Levanta e vai à luta, menina. 
Mas há outro tipo homem para quem namorar é realmente um problema. Entre ele e o oásis de ternura e erotismo chamado namoro caminha a besta vigilante da ansiedade. A fera peluda de olhos flamejantes impede o sujeito de se concentrar. Faz com que ele se disperse numa multidão de desejos conflitantes. Diante de tantas garotas, diante de tamanha possibilidade de prazer, o cara não consegue fixar sua atenção em ninguém. Quer tudo, deseja todas, e, por mais que obtenha, continua insatisfeito - porque há sempre mais ao redor. Sempre existe uma mulher mais bonita, mais sexy, mais interessante na próxima esquina. Se a bússola do coração está quebrada, seu dono nunca vai achar o Norte. É uma corrida sem linha de chegada. Mesmo sozinho e miserável, o sujeito seguirá esperando a resposta definitiva do universo às suas inatingíveis aspirações. Pode chamar isso de burrice, mas eu acho que é mesmo ansiedade e desassossego. Uma forma destrutiva de romantismo. 
As mulheres se julgam as criaturas mais românticas do planeta, mas talvez não sejam. Olhe em volta: diante de um cara apaixonado, bacana, determinado a ficar com elas, boa parte das mulheres sossega. O cara pode não ser perfeito, mas se torna “o cara”. Há nisso um pragmatismo que muitos homens perderam. Enquanto as mulheres escolhem de maneira apaixonada, mas com os pés no chão, eles parecem viver nas nuvens, sonhando com a mulher perfeita. Como ela não aparece, o cara vai testando uma atrás da outra, como se levasse um sapatinho de cristal no bolso. O padrão de exigência é elevado, opressivo talvez. Muitas vezes baseado apenas em aparência. Tem homem adulto se apaixonando pela mulher da capa de revista, por atriz de filme pornô, por modelo americana. Homens de 30 anos, eu digo. Homens de 40. Não há limite de idade para o desvario. Uma legião de barbados de todas as classes e graus de instrução vive à mercê de fantasias que bloqueiam as construções afetivas verdadeira. Como o sujeito vai namorar se a mulher da vida dele pode aparecer do nada na semana que vem? Se você está apaixonada por um cara assim, talvez seja melhor dar um tempo e esperar ele pousar na Terra. Pode demorar uns aninhos.  

O Alain de Botton, que virou meu guru nesses assuntos, lembra que ali pelos 40 anos o sujeito já começa a perceber que vai morrer, e isso acrescenta a tudo que ele faz uma tinta de urgência. Sobretudo no sexo. Antes de empacotar, antes de ficar broxa e caído, é preciso aproveitar a juventude – dos outros. Esse sentimento é forte. Se o jovem quer todas as mulheres do mundo porque está nadando em desejo e inexperiência, o mais velho sente o mesmo porque acha que está saindo de cena e tem fome de vida. O período de maturidade masculino, essa quimera científica, fica cada vez mais curto, espremido entre duas áreas de insensatez em expansão. 
Claro, não há dois homens iguais. O roteiro que eu descrevo não vale para todos. Talvez valha só para uma minoria ruidosa. A maioria – quem tem essa estatística? – deve estar feliz agora mesmo, encomendando na internet o presente de Natal para a namorada. Ou planejando uma viagem romântica de Ano Novo com ela. Não sei. Olho pro mar e vejo apenas quem está se afogando – e são muitos. Se eu pudesse dizer alguma coisa para eles, diria “pare, respire, comece alguma coisa”. Escolha alguém que toque os seus sentimentos e se deixe ficar ao lado dela. As mulheres, quando querem, quando nós deixamos, têm um jeito gostoso de nos fazer felizes. Pode não ser para sempre, mas quem se importa? A vida é um dia de cada vez – e eles são melhores quando a gente está namorando.  

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Menino ou menina? Arwyn Daemyir


Menino ou menina? Meus filhos dirão 
Um casal de Portland, EUA, escolheu criar seus filhos sem nenhuma distinção de gênero. Assim, espera que estereótipos não limitem seu desenvolvimento. por Arwyn Daemyir*  
"Azul para meninos, rosa para meninas. Carrinhos pra eles, bonecas pra elas." É assim que a maioria educa seus filhos. Lá em casa é diferente. A ideia da criação sem diferenciação de gênero é oferecer às crianças um arco-íris de opções e permitir que usem, vistam e brinquem com o que quiserem - não com o que "deveriam" querer.

O problema de educar dando ênfase nas divisões de gêneros é que não sabemos realmente qual o gênero de nossos filhos até que eles mesmos nos digam. Cerca de 1% das crianças são transgêneros ou não se encaixam nas classificações tradicionais de menino ou menina. Ser criado "como menina" é prejudicial e doloroso para meninas que se veem como meninos, e vice-versa.

A educação tradicional também limita o que as crianças podem fazer e se tornar. Isso vem das expectativas da sociedade sobre o que significa ser "menino" ou "menina". Nos EUA, por exemplo, espera-se que meninas sejam atraentes, mas também estudiosas (embora ruins em ciências). Elas devem gostar de bonecas, de se vestir e de decorar a casa. Já garotos escutam desde cedo que são barulhentos e violentos, e que têm de ser poderosos e bem-sucedidos no futuro.

Nenhum desses estereótipos é completamente ruim nem falso: muitas garotas de fato gostam se arrumar, assim como muitos garotos adoram praticar esportes - e não há nada de errado com eles. No entanto, também existem meninas que gostam de esportes e meninos que gostam de se vestir - e não há nada de errado com eles.

Como esse tipo de criação funciona na prática? Oferecendo escolhas. Tenho dois filhos, que no meu blog são chamados de Boychick ["Garotogarota"], de 5 anos, e Vulva Baby ["Bebê-Vagina"], que tem quase 1 ano. Boychick cresceu com uma variedade de roupas e brinquedos. Nunca cortamos seu cabelo, embora lhe déssemos essa opção. Por volta dos 3 anos e meio, começou a dizer que era um garoto. Suas cores favoritas são o rosa e o vermelho brilhante. Com seu cabelo longo e seus sapatos roxos, ele é muitas vezes chamado de menina na rua. Mas ele não está nada confuso sobre seu gênero: sabe que é um garoto, não importa a cor que vista nem seus brinquedos preferidos.

Já Vulva Baby ainda não tem senso de gênero. Pelo menos nenhum que ela ainda possa dizer. Como aconteceu com Boychick, achamos que é menina, mas não saberemos até que ela nos diga.

Eu e meu parceiro temos a sorte de viver em Portland, onde esse estilo de educação não é totalmente estranho. Mas é claro que me preocupo: à medida que meus filhos crescem, há mais oportunidades para que pessoas sejam rudes com eles. Se quiser, Boychick é livre para cortar o cabelo e usar roupas diferentes. Eu espero, contudo, que ele seja verdadeiro consigo mesmo diante da adversidade.

Criar assim não é fazer lavagem cerebral nos filhos nem tentar eliminar os gêneros. É dar às crianças a chance de pensar sobre o que o gênero significa para elas. E apoiá-las a se tornar o que querem ser.

Os cinco maiores arrependimentos dos pacientes terminais


Os cinco maiores arrependimentos dos pacientes terminais


Recentemente foi publicado nos Estados Unidos um livro que tem tudo para se transformar em um best seller daqueles que ajudam muita gente a mudar sua forma de enxergar a vida. The top five regrets of the dying (algo como “Os cinco principais arrependimentos de pacientes terminais”) foi escrito por Bronnie Ware, uma enfermeira especializada em cuidar de pessoas próximas da morte.
Para analisar a publicação, convidamos a Dra. Ana Cláudia Arantes – geriatra e especialista em cuidados paliativos do Einstein – que comentou, de acordo com a sua experiência no hospital, cada um dos arrependimentos levantados pela enfermeira americana. Confira abaixo.


1. Eu gostaria de ter tido coragem de viver uma vida fiel a mim mesmo, e não a vida que os outros esperavam de mim

“À medida que a pessoa se dá conta das limitações e da progressão da doença, esse sentimento provoca uma necessidade de rever os caminhos escolhidos para a sua vida, agora reavaliados com o filtro da consciência da morte mais próxima”, explica Dra. Ana Cláudia.

“É um sentimento muito frequente nessa fase. É como se, agora, pudessem entender que fizeram escolhas pelas outras pessoas e não por si mesmas. Na verdade, é uma atitude comum durante a vida. No geral, acabamos fazendo isso porque queremos ser amados e aceitos. O problema é quando deixamos de fazer as nossas próprias escolhas”, explica a médica.

“Muitas pessoas reclamam de que trabalharam a vida toda e que não viveram tudo o que gostariam de ter vivido, adiando para quando tiverem mais tempo depois de se aposentarem. Depois, quando envelhecem, reclamam que é quando chegam também as doenças e as dificuldades”, conta.

2. Eu gostaria de não ter trabalhado tanto

“Não é uma sensação que acontece somente com os doentes. É um dilema da vida moderna. Todo mundo reclama disso”, diz a geriatra.

“Mas o mais grave é quando se trabalha em algo que não se gosta. Quando a pessoa ganha dinheiro, mas é infeliz no dia a dia, sacrifica o que não volta mais: o tempo”, afirma.

“Este sentimento fica mais grave no fim da vida porque as pessoas sentem que não têm mais esse tempo, por exemplo, pra pedir demissão e recomeçar”.

3. Eu gostaria de ter tido coragem de expressar meus sentimentos

“Quando estão próximas da morte, as pessoas tendem a ficar mais verdadeiras. Caem as máscaras de medo e de vergonha e a vontade de agradar. O que importa, nesta fase, é a sinceridade”, conta.

“À medida que uma doença vai avançando, não é raro escutar que a pessoa fica mais carinhosa, mais doce. A doença tira a sombra da defesa, da proteção de si mesmo, da vingança. No fim, as pessoas percebem que essas coisas nem sempre foram necessárias”.

“A maior parte das pessoas não quer ser esquecida, quer ser lembrada por coisas boas. Nesses momentos finais querem dizer que amam, que gostam, querem pedir desculpas e, principalmente, querem sentir-se amadas. Quando se dão conta da falta de tempo, querem dizer coisas boas para as pessoas”, explica a médica.

4. Eu gostaria de ter mantido contato com meus amigos

“Nem sempre se tem histórias felizes com a própria família, mas com os amigos, sim. Os amigos são a família escolhida”, acredita a médica. “Ao lado dos amigos nós até vivemos fases difíceis, mas geralmente em uma relação de apoio”, explica.

“Não há nada de errado em ter uma família que não é legal. Quase todo mundo tem algum problema na família. Muitas vezes existe muita culpa nessa relação. Por isso, quando se tem pouco tempo de vida, muitas vezes o paciente quer preencher a cabeça e o tempo com coisas significativas e especiais, como os momentos com os amigos”.

“Dependendo da doença, existe grande mudança da aparência corporal. Muitos não querem receber visitas e demonstrar fraquezas e fragilidades. Nesse momento, precisam sentir que não vão ser julgados e essa sensação remete aos amigos”, afirma.

5. Eu gostaria de ter me deixado ser mais feliz

“Esse arrependimento é uma conseqüência das outras escolhas. É um resumo dos outros para alguém que abriu mão da própria felicidade”.

“Não é uma questão de ser egoísta, mas é importante para as pessoas ter um compromisso com a realização do que elas são e do que elas podem ser. Precisam descobrir do que são capazes, o seu papel no mundo e nas relações. A pessoa realizada se faz feliz e faz as pessoas que estão ao seu lado felizes também”, explica.

“A minha experiência mostra que esse arrependimento é muito mais dolorido entre as pessoas que tiveram chance de mudar alguma coisa. As pessoas que não tiveram tantos recursos disponíveis durante a vida e que precisaram lutar muito para viver, com pouca escolha, por exemplo, muitas vezes se desligam achando-se mais completas, mais em paz por terem realmente feito o melhor que podiam fazer. Para quem teve oportunidade de fazer diferente e não fez, geralmente é bem mais sofrido do ponto de vista existencial”, alerta.

Dica da especialista

“O que fica bastante claro quando vejo histórias como essas é que as pessoas devem refletir sobre suas escolhas enquanto têm vida e tempo para fazê-las”.

“Minha dica é a seguinte: se você pensa que, no futuro, pode se arrepender do que está fazendo agora, talvez não deva fazer. Faça o caminho que te entregue paz no fim. Para que no fim da vida, você possa dizer feliz: eu faria tudo de novo, exatamente do mesmo jeito”.

De acordo com Dra. Ana Cláudia, livros como este podem ajudar as pessoas a refletirem melhor sobre suas escolhas e o modo como se relacionam com o mundo e consigo mesmas, se permitindo viver de uma forma melhor. “Ele nos mostra que as coisas importantes para nós devem ser feitas enquanto temos tempo”, conclui a médica.

Como impor limites na medida certa para crianças - bebe.com.br

Impor limites na medida certa deixa as crianças mais autoconfiantes e felizes A cena é clássica e, dependendo da intensidade, pode ser inesquecível. A mãe precisa ir ao supermercado e decide levar seu filho junto – porque a babá está de folga ou, simplesmente, por achar que a experiência vai ser bacana. Está tudo muito bem até que o pequeno pega uma enorme barra de chocolate. A mãe sabe que ele não costuma comer aquilo e devolve a guloseima à prateleira, explicando que naquele dia não dá para levar o doce. De repente, sem mais nem menos, a criança se atira ao chão, começa a rodar em círculos, gritar e chorar desesperadamente. E a pobre da mãe, sem saber o que fazer e com vergonha de todo mundo que assiste ao show, acaba levando o chocolate para que o filho pare de berrar. Esse tipo de birra acontece com mais freqüência na faixa etária que vai dos 2 até os 5 anos e costuma desestabilizar até mesmo os pais mais calmos. Mas é importante levar em consideração algo de que a gente acaba se esquecendo durante o escândalo: muitas vezes, nossos filhos recorrem a esse tipo de estratégia como um meio para se comunicar. É que eles ainda não têm a aptidão verbal para dizer “Ei, mamãe, eu estou de saco cheio dessa compra. Será que nós podemos voltar outro dia?”. Daí, apelam ao artifício que parece mais fácil e eficiente para dizer logo do que precisam – abrir o berreiro. Na verdade, muitas vezes os pequenos estão pedindo inconscientemente ajuda para lidar com um sentimento novo e com o qual ainda não sabem lidar: a frustração de não ter o que querem na hora que querem. “Manter-se firme nesses momentos é importante porque a criança só vai se acalmar quando estiver convencida de que fazer birra não adianta”, explica a psicanalista especialista em clínica infantil Silvana Rabello, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. “Assim, precisará lançar mão de outros artifícios para obter o que deseja.” É por isso que, numa situação dessas, o ideal é encerrar a compra, levar o filho para casa e, no caminho, explicar educadamente que aquele comportamento não é adequado. Não adianta dar o que ele quer nem ficar mais nervoso do que a criança. Afinal, os pais sempre são um modelo para ela. Se o incidente se repetir, o melhor é agir como antes e explicar que, da próxima vez, ela não vai ao supermercado porque não sabe se portar naquele tipo de ambiente. Ponto. Criar limites modula o comportamento e ajuda a criança a desenvolver o respeito pelo outro, defende a psicopedagoga Wania Sorguiere, de São Paulo. “Aprender a aceitar o não é superimportante para moldar o humor do seu filho e fazê-lo entender, desde pequeno, que não se pode ter tudo”, diz a especialista. Para isso, é importante estabelecer algumas regras. Ninguém pode, por exemplo, interromper alguém que está falando, dar um tapa no rosto do colega, roubar o doce do irmão ou dizer palavras feias em público. Cabe aos adultos transmitir essas normas, por assim dizer, de conduta, além de garantir que elas sejam obedecidas em qualquer ocasião. Do contrário, o menino ou a menina vai entender que tudo aquilo não passa de um falatório momentâneo facilmente driblado por uma bela birra. É claro que toda criança, assim como todo adulto, tem impulsos naturais de agressividade e precisa colocá-los para fora. Aí, são o pai e a mãe que vão lhe ensinar a fazer isso de forma saudável, durante as brincadeiras e jogos, por exemplo. “Os pais precisam ter bom senso na hora de ensinar à criança administrar os próprios desejos e não simplesmente reprimi-los”, ensina Silvana. A calmaria reina soberana ao longo do dia, quando a garotada sabe que vai descarregar toda a energia acumulada numa atividade recreativa. A responsabilidade dos pais de servir como modelo na educação dos filhos é fundamental. Afinal, educar uma criança é educar um futuro adulto e cidadão. “O pai tem de entender que, se quer que seu filho seja respeitado pelos outros, terá que ensiná-lo a respeitar. Se deseja que ele seja persistente, precisa ensiná-lo a tolerar frustrações e por aí vai”, aconselha a psicóloga Vera Zimmermann, coordenadora do Centro de Referência da Infância e Adolescência da Universidade Federal de São Paulo. Uma criança bem preparada para ser um bom adulto entende, desde cedo, que existem outras pessoas no mundo e, se ela quer ser amada, vai precisar fazer também o que os outros esperam dela. Por fim, tente se guiar por seus próprios instintos, mantendo sempre a calma diante de um show do seu filho no supermercado ou no shopping. Uma birra aqui, outra ali, sempre acabará acontecendo e isso é perfeitamente normal. Não tenha medo de dizer não. Pode ser difícil ver o pequeno chorar, mas tenha a certeza de que ele está aprendendo uma lição. No fundo, no fundo, a criança fica feliz e aliviada quando vê que existe alguém acima dela capaz de lhe dizer, em meio ao bombardeio diário de novidades, o que deve ou não fazer. Na dose certa - Se o seu filho já passou dos 5 anos e continua fazendo muita birra, sente com seu marido ou sua mulher e converse sobre o que pode estar errado. Esse comportamento talvez esteja camuflando algum problema em casa ou até mesmo na escola. - Não tenha medo de tomar atitudes que possam ser desagradáveis para você, mas necessárias para o aprendizado da criança. Ninguém gosta de colocar o filho de castigo, mas às vezes ele vai precisar desse momento, sozinho, para refletir sobre uma atitude malcriada ou algo do gênero. - Esteja ciente de que você e os outros adultos que circundam seu filho servem de modelo para ele. Assim, a criança vai copiar alguns de seus atos primeiramente em brincadeiras, mas, em seguida, nas situações reais. Portanto, esqueça o ditado “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”. Ele pode servir para outras situações, mas nunca com seu filho.

A terrível crise dos 2 anos - bebe.com.br

O seu bebê era um verdadeiro anjinho, mas está chegando perto dos 2 anos e parece estar encapetado? Acredite: você não é a única que passa por isso O fenômeno é comum e tem até nome: adolescência do bebê. É quando a criança se dá conta de que é um indivíduo e luta para conquistar o seu espaço – gritando, batendo nos outros ou se jogando no chão. Cabe aos pais ter muita calma, paciência e ensinar que esse comportamento não leva a nada. Em outras palavras, estabelecer limites. Para ajudá-la a lidar com essa situação tão complicada, conversamos com a psicopedagoga Larissa Fonseca, de São Paulo. 1. O que é a chamada “adolescência do bebê”? A adolescência do bebê, primeira adolescência ou os “terrible twos” – terríveis dois anos, em inglês –, como citado na literatura, é a fase em que a criança passa a se comportar de modo opositivo às solicitações dos pais. De repente, a criança que outrora era tida como obediente e tranquila passa a berrar e espernear diante de qualquer contrariedade. Bate, debate-se, atira o que estiver à mão e choraminga cada vez que solicita algo. Diz não para tudo, resiste em seguir qualquer orientação, a aceitar com tranquilidade as decisões dos pais, para trocar uma roupa, sair de um local ou guardar um brinquedo. Para completar, não atende aos pedidos e parece ser sempre do contra. 2. Esse comportamento é comum em qual idade? Normalmente, acontece a partir de 1 ano e meio até os 3 anos de idade. 3. Existe alguma causa? A causa para esse período é simplesmente o próprio desenvolvimento natural da criança. A fase dos 2 anos de idade é um período de grandes mudanças para ela. Até então, o pequeno seguia os modelos e as decisões dos pais. Gradualmente, ele passa a se perceber como indivíduo, com desejos e opiniões próprias, e isso gera uma enorme necessidade de tomar decisões e fazer escolhas por si. Sem dúvida, isso acaba gerando uma grande resistência em seguir os pedidos dos pais. Não é exatamente uma ação consciente da criança, mas uma tentativa de atender a esse desejo interior, a essa descoberta de si como um ser independente dos pais. No entanto, ao mesmo tempo em que ela quer tomar suas decisões, ainda tem muitas dificuldades para fazê-lo, dado que ainda não tem maturidade suficiente. Ela discorda até dela mesma! Se você pergunta o que ela quer comer, naturalmente ela responderá: “Macarrão”. Mas, quando você chega com o prato de comida, ela diz: “Eu não quero isso!” Suponha que você está com pressa para ir a algum lugar. Seu filho está de ótimo humor até você dizer: “Preciso que você entre no carro agora”. Ele fará tudo, menos atender à sua solicitação. É uma fase difícil para os pais e também para as crianças. É uma experiência intensa emocionalmente e repleta de conflitos, pois, ao mesmo tempo em que a criança busca essa identidade, ela não quer desagradar seus pais – por mais que isso não pareça possível. 4. Existe alguma maneira de evitar que o bebê passe por isso? Não há a necessidade de tentar evitar esse período e nem há como fazê-lo. O importante é conhecer e lidar de modo construtivo com essa fase dos pequenos. 5. Todas as crianças passam por isso? Não é uma regra. Algumas crianças demonstram essas características mais intensamente do que outras. 6. Como agir quando a criança se joga no chão e grita em um lugar público, como o supermercado e o shopping? Primeiramente, descarte palmadas, tapas, puxões de orelha ou qualquer outro comportamento agressivo para tentar conter uma birra. Antes de sair, converse com o seu filho e o contextualize sobre o passeio. Se for supermercado, por exemplo, diga como espera que ele aja, o que ele poderá pegar para si etc. Se forem a um restaurante, faça o mesmo, explique aonde vão, como espera que a criança se comporte e as consequências para o seu mau comportamento. Jamais ceda às manipulações, como choros, pedidos de ajuda e reclamação de possíveis desconfortos. Avise-o de que só vai conversar depois que ele se acalmar. Opte por disciplinar a criança após a birra, que é o momento em que ela está colocando para fora sua frustração e seu descontentamento. Após ela parar de fazer a birra, você se abaixa para conversar. É sempre muito importante que a criança compreenda o que fez e o porquê de sua ação. Evite dar broncas e repreender seu filho na frente de outras pessoas para que ele não se sinta constrangido e você também. Uma dica bacana para mudar o foco da birra é chamar a atenção da criança para outra situação. Mostre um objeto ou comece a falar de outro assunto. Ignorar a birra costuma dar ótimos resultados. Em lugares públicos, se a birra persistir e você estiver se sentindo constrangida, tire o seu filho do ambiente sem demonstrar irritação e sem conversar. Sua atitude mostrará desaprovação. 7. O que fazer quando o pequeno bate nas pessoas quando é contrariado? Esse “bater” normalmente é a expressão do seu descontentamento, o que, no caso, não é aceitável. É importante ressaltar que as crianças, assim como nós, adultos, também ficam bravas, tristes, frustradas e chateadas – isso é natural do ser humano. Ao longo da vida, ela vai se deparar com diversas situações que despertarão esses sentimentos nelas e a infância é a melhor fase para aprender a lidar com esses sentimentos inevitáveis. Assim, se quiserem contribuir de modo positivo com o desenvolvimento emocional e psicológico dos pequenos, os pais devem parar de tentar poupá-los de situações frustrantes e passar a explicar esses sentimentos, apontando caminhos para que consigam lidar com eles. A criança não nasce sabendo a lidar com seus sentimentos, ela testa suas ações e vai construindo seus modos de agir. Quando ela bate em alguém, imediatamente deve ser contida e, em seguida, os pais devem abaixar-se na altura da criança, olhar fixo em seus olhos e com voz firme conversar que entendem que o pequeno esteja bravo, mas que sua atitude é inaceitável. Explique que, se aquilo voltar a acontecer, haverá consequências negativas para ela, citando quais serão. Lembre-se de que essas consequências deverão ser algo possível de ser feito porque, se a criança repetir o comportamento desaprovado, você deverá cumprir o que falou. 8. E quando a criança bate com a cabeça na parede ou faz coisas para se machucar porque ouviu um “não”? Em geral, as crianças recorrem a esse tipo de autoagressão como mais uma tentativa de conseguir a atenção dos adultos e, quase sempre, conseguem porque descobrem que esse comportamento provoca comoção nos pais. Por mais que possa preocupar, os pais devem manter a ideia de que “sem plateia não há show”. O ideal é conter a ação da criança sem dar atenção ou demonstrar comoção pela atitude. Você pode, por exemplo, colocar um travesseiro ou uma almofada embaixo da cabeça dele e sair de perto, ou tire o pequeno do local onde está sem conversar e coloque-o em um ambiente mais seguro. Sem conseguir chamar sua atenção com a autoagressão, a criança vai buscar outras possibilidades, como apagar e acender a luz, ligar e desligar equipamentos eletrônicos etc. Só fique atenta para a possibilidade de esse comportamento estar refletindo algum problema emocional, que, aí sim, merece a atenção dos pais. Se a criança começar a apresentar comportamentos autodestrutivos, como se arranhar, bater em sua cabeça e puxar os cabelos, frequentemente em situações cotidianas, vale a pena consultar um especialista porque isso pode indicar uma tentativa da criança de evitar o contato com algo que esteja lhe causando angústia.

As primeiras sensações - Ivan Martins

 Lembra do que você sentia quando tudo começou?
Faça o teste: as coisas que você se lembra de uma paixão antiga são aquelas que aconteceram no começo. Primeiras conversas, primeiro sexo, primeira viagem, primeira vez na casa da família. Se você for mulher, talvez se lembre de sensações, mais que de eventos: a expectativa, as surpresas, o prazer de conquistar e ser conquistada. Por alguma razão, esses momentos inaugurais ficam gravados na memória como uma espécie de trauma feliz. Eles se tornam a nossa referência, uma régua existencial contra a qual comparamos o que vem depois: maior, igual, melhor, diferente, pelo-amor-de-Deus! Para o nosso azar, a régua continua medindo depois que nos metemos numa relação estável. Acasalados, nós temos amor, cumplicidade, transamos de forma intensa e regular. Nada, rigorosamente, nos faz falta. Mas a memória, como um farol oceânico quebrado, segue mandando flashes periódicos sobre os velhos tempos – e nós, miseravelmente, somos obrigados a admitir que aquela intensidade nos faz falta. Gostaríamos, se isso fosse possível, de estar lá e cá ao mesmo tempo. Ter a paz profunda e protetora de agora, com as emoções aceleradas de então. Ter o gozo profundo e a segurança da intimidade conquistada, mantendo a surpresa e o arrebatamento do sexo inicial. No mundo ideal, a mulher amada e familiar, cuja presença faz nosso coração bater tranquilo, nos chamaria, no meio da noite, com uma voz estranha – e se abriria, magicamente, a possibilidade de transar com uma desconhecida. Como o mundo ideal e a magia não existem, somos forçados a lidar com a realidade. Nela, temos de escolher, todos os dias, entre aquelas emoções iniciais e as outras, muito mais serenas, que nem sequer parecem emoções. Pense nisso: a gente se acostuma de tal forma ao conforto de uma relação estável que ela parece despida de sentimentos. O carinho e o afeto de tão presentes na rotina se tornam invisíveis. A gente só enxerga brigas, frustrações, irritações comezinhas. Qual o valor daquele abraço no meio da noite, que parece reparar alguma coisa que estivera quebrada ao longo do dia? Qual a importância daquele olhar de despedida matinal, que parece conter, simultaneamente, tantas mensagens de reafirmação? Quando a gente perde essas coisas, quando briga e fica sozinho, a importância da rede invisível se revela de forma instantânea. A alma nos cai aos pés, como dizem os espanhóis. Daí a dor inexplicável de quem achava que nada tinha a perder... Não é bom subestimar o poder de sedução das primeiras emoções. Para muitos, - sobretudo aqueles com grande capacidade de seduzir -, as sensações iniciais são uma espécie de vício. Como uma droga, mesmo. A pessoa precisa da trepidação para sentir-se viva. Tem necessidade do estado de exaltação amoroso para estar bem. O resto, o que vem depois, o momento em que o rio se espraia, manso, depois da corredeira – isso não tem graça. Então é preciso estar sempre correndo atrás da novidade, da primeira vez, da empolgação e da descoberta. É um jeito de viver – acreditando que a próxima relação, essa sim, trará a paz que se andou buscando a vida inteira. No livro Como pensar mais sobre sexo, que eu li outro dia e adorei, o filósofo Alain de Botton diz que a gente rotineiramente deseja coisas demais, contraditórias entre si. Depois de tentar sem muito sucesso sugerir fórmulas para superar a fadiga emocional dos namoros e casamentos prolongados, ele acaba concluindo que, no fundo, todos nós temos de fazer escolhas difíceis. Ou bem se vive como um adolescente cheio de tesão enquanto der, ou bem se abre mão de um punhado de coisas e tenta se construir relações duradouras e família, enquanto der. Sim, porque a vida e a biologia não vão parar, esperando que a gente se decida. O tempo avança e atropela as nossas hesitações. Da minha parte, eu tento fazer força para não tomar como um fato da vida aquilo que eu tenho todos os dias. Tento lembrar que aquela criatura ali ao lado poderia estar em outro lugar, com outra pessoa, em vez de estar aqui, me mimando com o seu carinho e a sua zelosa atenção. Pensar essas coisas dá alguma insegurança, mas ela é boa. Ela ajuda a lembrar da importância do que a gente tem. Obriga a agir com mais atenção, com mais paciência, com mais delicadeza até no trato com a parceira. Com sorte, esse estado de alerta ajuda a fazer coisas que surpreendam e encantem. Propicia gestos que alimentem a paixão. Não como no começo, não exatamente como no tempo em que o amor era novo, mas o suficiente para lembrar que ele existe. Aqui e agora, não apenas no passado.

Como dizer adeus- Ivan Martins

Como dizer adeus
Onze ideias para sobreviver ao fim, com alguma dignidade
IVAN MARTINS É editor-executivo de ÉPOCA
 Tem gente que acha simples, mas eu tenho problemas com rupturas e separações. Talvez as minhas tenham sido muito doloridas, talvez as de pessoas próximas tenham me afetado. Não sei. O fato é que basta eu ler nos jornais que Tom Cruise e Kate Holmes se separaram que uma voz dentro de mim lamenta: coitados... Minha sensação é que nós – eu, você e o Tom Cruise – não estamos preparados para ouvir ou para dizer adeus. Sabemos começar e não sabemos acabar. Damos a partida num carro, mas não conseguimos parar. Saímos de viagem felizes, mas não conseguir chegar. Um paradoxo, uma incongruência, uma experiência que não fecha. Olhe em volta. Um namoro de meses, uma vez encerrado, pode nos causar enorme sofrimento. Basta que a pessoa nos rejeite para se converter na criatura mais importante no mundo. E na mais desejada. Nem é preciso que nos dêem o fora, na verdade. Pense na outra situação: você está namorando, ou casado, e não aguenta mais. Acontece. Como se faz para terminar? O primeiro estágio, dependendo do seu temperamento, pode levar meses ou anos de infelicidade paralisante. Você não suporta mais o som, a visão ou o tato da pessoa, mas não tem coragem de contar isso a ela, embora todos os seus amigos já saibam. Até para o cobrador de ônibus você já disse que aquilo acabou, mas a outra parte ainda não foi informada. Quando os amigos olham você com o seu par, é possível ler nos olhos deles a pergunta: “Ainda”? Dá vergonha. Quando, enfim, você resolve dar o ponto final, começa o outro problema. Culpa. Avassaladora e horrorosa culpa. As pessoas vêm contar que ela está sofrendo. Ele telefona. Sua mãe (eu já vi acontecer) recebe o abandonado na casa 
dela e liga para a sua casa, pedindo clemência: “Ele gosta tanto de você”. Não é fácil ser coerente. A gente não sabe se separar, e as nossas famílias não ajudam. Acima e além de toda a comédia, porém, o que existe nessas separações é dor. Olhe para a cara das pessoas: elas estão destruídas. Não dormem, não comem, mal conseguem trabalhar. Sofrem fisicamente. Perdem peso, ganham peso, adoecem. Se a gente extraísse da dor de cada separação alguma forma de energia limpa, os problemas ecológicos do planeta estariam praticamente resolvidos. Mas não. Essa é uma dor imensa, universal e inútil. Claro, os tipos mais psicanalíticos dirão – com alguma razão – que a dor da ruptura é necessária para a nossa formação emocional. Precisamos passar por ela para entender o amor e outras coisas essenciais sobre nós mesmos. Eu concordo com a tese, mas não entendo porque ela tem de ser estendida ao infinito. Eu, por exemplo, aprendi tudo o que tinha que aprender sobre sofrimento amoroso aos 13 anos, quando aquela garota de cabelos pretos e imensos olhos castanhos resolveu se apaixonar pelo meu melhor amigo. Desde então, toda perda, separação, rejeição ou pé na bunda tem sido uma mera repetição desnecessária. Até quando? Como é impossível evitar os foras que nos darão – e aqueles que nós daremos – talvez seja melhor nos prepararmos para lidar apenas com as consequências das separações e rompimentos. Pensando nisso, usei a minha experiência, assim como a dos amigos (cuja colaboração nem sempre é voluntária), para compor um brevíssimo decálogo para uma ruptura menos dolorosa e talvez um pouco mais digna. O decálogo ficou com onze itens, e eu temo que essa não seja a sua única inconsistência. Pensem nele como postits para sair da vala. Talvez ajudem. O decálogo 1. Diga adeus de verdade. Ou aceite o adeus que lhe deram. Pontos finais podem ser o começo de alguma coisa nova. Adiamentos e meias verdades não levam a lugar nenhum, e nos envenenam. 2. Não se coloque na situação de vítima. Isso destrói a sua autoestima e não faz ele ou ela voltar. Romance que acaba é uma fatalidade tão grande quanto romance que começa. Não tem culpados. 3. Assuma a responsabilidade. Não se abandone aos sentimentos negativos, como se você não fosse responsável pelo que faz ou sente. Em outras palavras, reaja. 4. Mantenha a dignidade. Ou rasteje com moderação. Quando você não tiver mais nada, o respeito por você mesmo – e pelo outro – pode ser de grande serventia. 5. Deixe o outro em paz, dê paz a si mesmo. Ficar correndo atrás da pessoa que a deixou, ou que você deixou, é tolice. Se procurou uma vez e não deu certo, fique na sua. Insistir piora tudo. 6. Procure os amigos. Os seus amigos, não os dela. Gente querida distrai e nos faz bem. Ah, sim: mesmo com os mais chegados, tente não reclamar 100% do tempo. Autocontrole ajuda a sair do poço. 7. Recolha-se ou exponha-se, mas seja fiel a si mesmo. Nunca invente um comportamento que nada tem a ver com você para agredir o ex ou para mostrar que você é foda. Só piora. 8. Faça arte ou consuma arte. Ver um show da Marisa Monte depois de um pé na bunda pode ser uma experiência transcendental. Assim como escrever poemas ruins, que você rasgará (ou não) depois de alguns meses. 9. Não perca pontos correndo atrás do ex anterior, a não ser que tenha virado amizade. Se ele ou ela ainda gostar de você, aproveitar-se para tentar se consolar é desprezível. E não funciona. 10. Lembre: da outra vez você sobreviveu. É importante ter isso em mente. As dores passam e a gente se apaixona de novo, mesmo que no momento isso pareça extremamente improvável. 11. Se a barra pesar demais, procure um analista. Ou mesmo um médico. Eles estão ai para nos socorrer quando o amor vira doença. Se você se assustar com você mesmo, é hora de pedir ajuda. Funciona.

sábado, 8 de setembro de 2012

Aqui, agora, de todo coração

Aqui, agora, de todo coração Como fazer a escolha mais delicada da sua vida? IVAN MARTINS Escolher é difícil. Pergunte a um psicólogo e ele vai explicar por que gente obrigada a optar entre uma coisa e outra – qualquer que sejam essas coisas – sente ansiedade. Isso acontece em lojas de sapato, em restaurantes, na porta do cinema e até no sexo. Uma amiga me contou outro dia como foi estar numa festa e ter dois homens sedutores dando em cima dela. “Tive de escolher um deles, mas com um aperto no coração”, ela me disse. No dia seguinte, o bonitão que ela escolheu caiu no vácuo e nunca mais deu notícias. Escolher, ela aprendeu, é abrir mão de alguma outra coisa - e as consequências podem ser irreversíveis. Infelizmente para nós, nem todas as escolhas são tão simples quanto a do sexo na balada. Penso na escolha mais delicada que a gente faz na vida, aquela que envolve os parceiros de longo prazo. Em que momento concluímos que uma pessoa deixou de ser apenas item de prazer ou fonte de encantamento e se tornou a criatura com quem vamos dividir a vida? Pode ser casando, comprando apartamento e tendo filhos, ou, de forma menos ritualizada, pondo os sentimentos e necessidades dela no centro da nossa vida, mesmo vivendo em casas separadas. O compromisso é parecido, assim como os caminhos que levam a ele. A primeira coisa que conta nas grandes escolhas – eu acho - é a permanência. Ninguém tem direito a reivindicar um posto dessa importância sem ter ralado um tanto. Não adianta a Fulana decidir, em 30 dias, que vai ser sua mulher para o resto da sua vida. Não funciona assim. O teste do tempo é fundamental. Se aquela mulher ou aquele sujeito continua lá depois de todas as discussões e inevitáveis desencontros, se ela ou ele resolveu ficar depois de todas as chances de ir embora, se os seus sentimentos em relação a ele ou ela continuam vivos, um bom motivo há de haver.  É essencial, também, que a experiência de convívio seja boa. Amores tumultuados dão bons filmes e péssimas vidas. É essencial acordar no sábado e ter vontade de ficar mais tempo na cama, enrolado naquele ser ao seu lado. Se a conversa antes de dormir deixou de ser gostosa ou se qualquer programa parece mais interessante do que a companhia dela ou dele, para que insistir? O prazer que o outro proporciona é essencial. Prazer de transar, prazer de olhar, prazer de ouvir, prazer de simplesmente estar. Se você caminha pela rua com ela e os dois são capazes de rir um com o outro, algo vai bem. Se você passa a tarde com ele no sofá, lendo ou transando, e o dia parece perfeito, eis um bom sinal. A felicidade não tem receita, mas a gente percebe quando está funcionando. Para que as coisas funcionem no longo prazo é essencial haver lealdade. Eu cuido, eu protejo, eu respeito – e você faz o mesmo comigo. Se você não sente que seus sentimentos e a sua vida são importantes para ele ou para ela, desista. Como o ambiente lá fora é hostil, é essencial saber que no interior da relação existe cumplicidade e abrigo, com um grau elevado de honestidade: você diz o que pensa e isso vai ajudar, ainda que doa. É impossível prometer que coisas ruins jamais irão acontecer, é falso garantir que os sentimentos permanecerão os mesmos para sempre, mas é essencial olhar nos olhos do outro e sentir a disposição de tentar, verdadeiramente, que seja assim. Aqui, agora, de todo o coração, tem de ser para sempre – ou então a gente nem começa. Se tudo isso existir – e não é fácil – ainda fará falta um quarto elemento, essencial ao equilíbrio duradouro das relações: os planos. Se ele que ter cinco filhos e você não quer ser mãe, não vai rolar. Se ela quer levar uma vida de viagens e aventura e o seu sonho é ficar aqui mesmo, perto das famílias e dos amigos, não deu. Viver bem pressupõe afinidades essenciais de gosto, sentimento e expectativas, sem falar de ideologia. Todas essas coisas se refletem nos planos. Eu penso no amor como um voo de longa distância. O avião precisa estar carregado com o tempo da relação, com o prazer que ela proporciona e com a lealdade em que ela está baseada – mas as pessoas ainda têm de concordar sobre o destino. Se eu quero ir à Tóquio e você à Nova York, precisamos embarcar em vôos diferentes.   

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Amor bom é facinho - Ivan Martins

Há conversas que nunca terminam e dúvidas que jamais desaparecem. Sobre a melhor maneira de iniciar uma relação, por exemplo. Muita gente acredita que aquilo que se ganha com facilidade se perde do mesmo jeito. Acham que as relações que exigem esforço têm mais valor. Mulheres difíceis de conquistar, homens difíceis de manter, namoros que dão trabalho - esses tendem a ser mais importantes e duradouros. Mas será verdade?  Eu suspeito que não.  Acho que somos ensinados a subestimar quem gosta de nós. Se a garota na mesa ao lado sorri em nossa direção, começamos a reparar nos seus defeitos. Se a pessoa fosse realmente bacana não me daria bola assim de graça. Se ela não resiste aos meus escassos encantos é uma mulher fácil – e mulheres fáceis não valem nada, certo? O nome disso, damas e cavalheiros, é baixa auto-estima: não entro em clube que me queira como sócio. É engraçado, mas dói.  Também somos educados para o sacrifício. Aquilo que ganhamos sem suor não tem valor. Somos uma sociedade de lutadores, não somos? Temos de nos esforçar para obter recompensas. As coisas que realmente valem a pena são obtidas à duras penas. E por aí vai. De tanto ouvir essa conversa - na escola, no esporte, no escritório - levamos seus pressupostos para a vida afetiva. Acabamos acreditando que também no terreno do afeto deveríamos ser capazes de lutar, sofrer e triunfar. Precisamos de conquistas épicas para contar no jantar de domingo. Se for fácil demais, não vale. Amor assim não tem graça, diz um amigo meu. Será mesmo?  Minha experiência sugere o contrário.  Desde a adolescência, e no transcorrer da vida adulta, todas as mulheres importantes me caíram do céu. A moça que vomitou no meu pé na festa do centro acadêmico e me levou para dormir na sala da casa dela. Casamos. A garota de olhos tristes que eu conheci na porta do cinema e meia hora depois tomava o meu sorvete. Quase casamos? A mulher cujo nome eu perguntei na lanchonete do trabalho e 24 horas depois me chamou para uma festa. A menina do interior que resolveu dançar comigo num impulso. Nenhuma delas foi seduzida, conquistada ou convencida a gostar de mim. Elas tomaram a iniciativa – ou retribuíram sem hesitar a atenção que eu dei a elas.  Toda vez que eu insisti com quem não estava interessada deu errado. Toda vez que tentei escalar o muro da indiferença foi inútil. Ou descobri que do outro lado não havia nada. Na minha experiência, amor é um território em que coragem e a iniciativa são premiadas, mas empenho, persistência e determinação nunca trouxeram resultado.  Relato essa experiência para discutir uma questão que me parece da maior gravidade: o quanto deveríamos insistir em obter a atenção de uma pessoa que não parece retribuir os nossos sentimos?  Quem está emocionalmente disponível lida com esse tipo de dilema o tempo todo. Você conhece a figura, acha bacana, liga uns dias depois e ela não atende e nem liga de volta. O que fazer? Você sai com a pessoa, acha ela o máximo, tenta um segundo encontro e ela reluta em marcar a data. Como proceder a partir daí? Você começou uma relação, está se apaixonando, mas a outra parte, um belo dia, deixa de retornar seus telefonemas. O que se faz? Você está apaixonado ou apaixonada, levou um pé na bunda e mal consegue respirar. É o caso de tentar reconquistar ou seria melhor proteger-se e ajudar o sentimento a morrer?  Todas essas situações conduzem à mesma escolha: insistir ou desistir?  Quem acha que o amor é um campo de batalha geralmente opta pela insistência. Quem acha que ele é uma ocorrência espontânea tende a escolher a desistência (embora isso pareça feio). Na prática, como não temos 100% de certeza sobre as coisas, e como não nos controlamos 100%, oscilamos entre uma e outra posição, ao sabor das circunstâncias e do tamanho do envolvimento. Mas a maioria de nós, mesmo de forma inconsciente, traça um limite para o quanto se empenhar (ou rastejar) num caso desses. Quem não tem limites sofre além da conta – e frequentemente faz papel de bobo, com resultados pífios.  Uma das minhas teorias favoritas é que mesmo que a pessoa ceda a um assédio longo e custoso a relação estará envenenada. Pela simples razão de que ninguém é esnobado por muito tempo ou de forma muito ostensiva sem desenvolver ressentimentos. E ressentimentos não se dissipam. Eles ficam e cobram um preço. Cedo ou tarde a conta chega. E o tipo de personalidade que insiste demais numa conquista pode estar movida por motivos errados: o interesse é pela pessoa ou pela dificuldade? É um caso de amor ou de amor próprio?  Ser amado de graça, por outro lado, não tem preço. É a homenagem mais bacana que uma pessoa pode nos fazer. Você está ali, na vida (no trabalho, na balada, nas férias, no churrasco, na casa do amigo) e a pessoa simplesmente gosta de você. Ou você se aproxima com uma conversa fiada e ela recebe esse gesto de braços abertos. O que pode ser melhor do que isso? O que pode ser melhor do que ser gostado por aquilo que se é – sem truques, sem jogos de sedução, sem premeditações? Neste momento eu não consigo me lembrar de nada. Ivan Martins   

sábado, 4 de agosto de 2012

Fobias

O que é Fobia? Uma fobia é um medo persistente e irracional de um determinado tipo de objeto, animal, atividade ou situação que represente pouco ou nenhum perigo. Causas Fobias específicas são um tipo de transtorno de ansiedade em que a exposição aos estímulos temidos pode provocar ansiedade extrema ou ataques de pânico. As fobias específicas estão entre os distúrbios psicológicos mais comuns, afetando até 10% da população. Distúrbios de ansiedade Fobias comuns incluem o medo de: Sangue, injeções e outros procedimentos médicos Alguns animais (por exemplo, cachorros ou cobras) Espaços fechados Voar Lugares altos Insetos ou aranhas Relâmpagos Exames O terapeuta perguntará a você sobre seu histórico de fobia, seu comportamento, sua família e seus amigos. Os sinais incluem: Pressão sanguínea elevada Frequência cardíaca acelerada Sintomas de Fobia Se exposto ao objeto temido, ou mesmo pensar em ser exposto a ele, causa uma reação de ansiedade. O paciente evita situações de contato com o objeto da fobia Esse medo da ansiedade é fora de proporção (muito mais forte) em relação à ameaça real. A pessoa pode apresentar transpiração excessiva, problemas para controlar os músculos ou ações ou frequência cardíaca acelerada. A pessoa evita situações nas quais pode ocorrer o contato com o objeto ou animal temido, por exemplo, evitam dirigir em túneis, se tiverem fobia de túneis. Esse tipo de ação pode interferir no trabalho e nas interações sociais. A pessoa pode se sentir fraca ou covarde e perder a autoestima ao evitar o objeto da fobia. Buscando ajuda médica Marque uma consulta com um psicologo ou profissional de saúde mental se uma fobia simples estiver interferindo em suas atividades diárias. Tratamento de Fobia O objetivo do tratamento é ajudá-lo a sentir-se bem. O sucesso do tratamento normalmente depende da gravidade da fobia. A dessensibilização sistemática é uma das técnicas usadas para tratar fobias. Você deve relaxar e imaginar os componentes da fobia, trabalhando do menos assustador ao mais assustador. A exposição gradual à situação na vida real também foi usada com sucesso para ajudar as pessoas a superar seus medos. Medicamentos antiansiedade e antidepressivos são utilizados às vezes para aliviar os sintomas das fobias.  Terapias comportamentais devem ser usadas junto com a terapia medicamentosa. Isso inclui: Terapia cognitivocomportamental, que abrange aprender a reconhecer e substituir os pensamentos causadores de pânico Exposição Visualização mental de coisas prazerosas Técnicas de relaxamento O tratamento comportamental parece ter benefícios duradouros. Exercícios regulares, sono adequado e refeições regulares podem ajudar a reduzir a frequência dos ataques.  Reduzir ou evitar o uso de cafeína, alguns remédios para gripe vendidos sem receita e outros estimulantes. Centros de tratamento de fobias e terapia em grupo estão disponíveis em alguns locais para ajudar as pessoas a lidar com fobias comuns, como o medo de voar. Expectativas As fobias costumam ser crônicas, mas podem responder ao tratamento. Complicações possíveis Algumas fobias podem ter consequências que afetam o desempenho no trabalho e a interação social. Alguns medicamentos antiansiedade usados para tratar fobias, como benzodiazepinas, podem causar dependência física, por isso o tratamento psicológico ainda parece ser o mais eficaz. Fontes e referências: Taylor Ct, Pollack MH, LeBeau RT, Simon NM. Anxiety disorders: Panic, social anxiety, and generalized anxiety. In: Stern TA, Rosenbaum JF, Fava M, Biederman J, Rauch SL, eds. Massachusetts General Hospital Comprehensive Clinical Psychiatry. 1st ed. Philadelphia, Pa: Mosby Elsevier;2008:chap 32.  

quarta-feira, 4 de julho de 2012

As quatro estacoes

Um homem tinha quatro filhos. Ele queria que seus filhos aprendessem a não julgar as coisas de modo apressado, por isso, ele mandou cada um viajar para observar uma pereira que estava plantada em um distante local. O primeiro filho foi lá no Inverno, o segundo na Primavera, o terceiro no Verão e o quarto e mais jovem, no Outono. Quando todos eles retornaram, ele os reuniu e pediu que cada um descrevesse o que tinham visto. O primeiro filho disse que a árvore era feia, torta e retorcida. O segundo filho disse que ela era recoberta de botões verdes e cheia de promessas. O terceiro filho discordou. Disse que ela estava coberta de flores, que tinham um cheiro tão doce e eram tão bonitas, que ele arriscaria dizer que eram a coisa mais graciosa que ele tinha visto. O último filho discordou de todos eles; ele disse que a árvore estava carregada e arqueada, cheia de frutas, vida e promessas… O homem, então, explicou a seus filhos que todos eles estavam certos, porque eles haviam visto apenas uma estação da vida da árvore… Ele falou que não se pode julgar uma árvore, ou uma pessoa, por apenas uma estação, e que a essência de quem eles são e o prazer, a alegria e o amor que vêm daquela vida, podem apenas ser medidos ao final, quando todas as estações estiverem completas. Se você desistir quando for Inverno, você perderá a promessa da Primavera, a beleza do Verão, a expectativa do Outono. Não permita que a dor de uma estação destrua a alegria de todas as outras. Não julgue a vida apenas por uma estação difícil.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Relacionamentos - Arnaldo Jabor

Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida.
Detesto quando escuto aquela conversa:
- 'Ah,terminei o namoro...
- 'Nossa,quanto tempo?'
... - 'Cinco anos... Mas não deu certo...acabou'
- É não deu...?
Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?
E não temos esta coisa completa.
Às vezes ele é fiel, mas não é bom de cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é malhada, mas não é sensível.
Tudo nós não temos.
Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico; que é uma delícia.
E as vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante...e se o beijo bate... se joga... se não bate...mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra.
O outro tem o direito de não te querer.
Não lute, não ligue, não dê pití.
Se a pessoa tá com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto. Ele titubeia, tem dúvidas e medos mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta.
Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família?
O legal é alguém que está com você por você.
E vice versa.
Não fique com alguém por dó também.
Ou por medo da solidão.
Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para o outro.
Que medo é este de se ver só, na sua própria compania?
Gostar dói.
Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração. Faz parte.
Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo
E nem sempre as coisas saem como você quer...
A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
Na vida e no amor, não temos garantias.
E nem todo sexo bom é para namorar
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.
Enfim...quem disse que ser adulto é fácil?
FATO !
Arnaldo Jabor

Beleza e Auto-estima - Marco Antonio De Tommaso

"Os ideais de beleza feminina torturam as mulheres do mundo todo, principalmente as brasileiras. Somos privilegiados por praias, clima, sol, etc. E também pelo descontentamento de nossas mulheres em relação à beleza. Segundo a pesquisas diversas, o índice de insatisfação de nossas mulheres em relação à percepção da própria beleza é elevadíssimo!
Inúmeros estudos focam o conceito. Não há consenso a não ser num tópico: é a presença da autoestima que pesa na percepção da própria beleza. Mulheres mais satisfeitas com outras áreas da vida são mais indulgentes na avaliação da própria aparência. O ingrediente principal, mais do que medidas, cor de olhos ou cabelos, é a presença de uma sólida amizade para consigo mesmo. Gostar de si mesma de forma incondicional! Por incondicional não devemos entender uma “aceitação passiva”, mas a aceitação do próprio corpo com qualidades e defeitos, como ele é, minimizando os defeitos e ressaltando as qualidades. Valorizando o que tem e não lamentando o que não tem! Uma auto-aceitação “ativa”!
A beleza é algo mais complexo do que o espelho mostra. É muito mais a leitura que a mente faz dessa imagem. E a auto-estima é fundamental nessa leitura. É ela quem potencializa a beleza, que faz com que ela “renda”! Sem essa condição interna a mulher pode melhorar consideravelmente sua imagem e continuar se sentindo feia ou, no mínimo, não usufruindo os benefícios da mudança. Mesmo admirada pelos outros continuará não se gostando. Continuará temendo a beleza, sem desfrutá-la!
A busca desenfreada da “perfeição”, impossível de ser atingida, reflete sério comprometimento da auto-estima. Habitualmente reflete mecanismos compensatórios para sentimentos de inferioridade que não tem base na estética, mas em conflitos interiores, e que não serão resolvidos pela estética apenas, mas pela psicoterapia. Difere da vaidade, onde a beleza é um meio de se sentir mais feliz. Reflete um estado patológico, insaciável, onde se torna um fim em si mesma.
Não há beleza absoluta. A beleza é basicamente diversidade, originalidade, individualidade. MUITO BEM REGADA PELA AUTO-ESTIMA!!"

Dr. Marco Antonio De Tommaso
• Psicólogo e psicoterapeuta pela Universidade de São Paulo
• Atuou no Amb de Ansiedade do HC USP
• Credenciado pela Assoc Brás para Estudo da Obesidade
• Psicólogo das Agências Elite e L’Equipe de Modelos
• Consultor da Unilever – Dove na campanha pela real beleza.
Contato: tommaso@terra.com.br

Aquisição da Auto-estima - Marco Antonio De Tommaso

AUTOESTIMA : AQUISIÇÃO
Autoestima é a maneira pela qual uma pessoa se sente em relação a si mesma. O que pensa e como se comporta consigo própria. O quanto se quer bem.

Influencia tudo o que fazemos. É ingrediente primordial do sucesso e da saúde mental. A partir dela construímos nossas referências, desenvolvemos ou não nossos atributos.

É adquirida por aprendizagem. Pela interiorização de nossa educação. A criança aprende desde cedo a se ver como pessoas importantes em sua vida a vêm. O ingrediente básico é o amor e aceitação incondicionais dos pais. “Incondicional” não quer dizer “passivo”. Significa que a criança deve ser (e perceber que é) amada porque existe e não porque é boa aluna, atleta ou bonita.

A auto-estima se desenvolve desde a concepção. Crianças que nascem em lar harmonioso, onde os pais se querem bem e tem confiança em si, já garantem uma vantagem.

Logo após o nascimento a criança colhe e registra impressões não verbais de amor e carinho, via contato físico, através dos sentidos. Antes das palavras, o sensível radar infantil registra impressões generalizadas sobre si mesma. Sente se é carregada com carinho, se sua fome é respeitada, o toque, movimentos corporais, expressões faciais, tom de voz.

Muito sensível ao estado emocional da mãe, estabelece comunicação não verbal com ela. Sem compreender o sentido das palavras, sente (ou não!) sua receptividade afetiva. As primeiras experiências ensinam ao bebê se ele merece ou não atenção. Os primeiros contatos com a mãe lançam as bases para a construção da sua auto-estima, para todas as relações de sua vida criando os alicerces de uma visão positiva de si mesma.

Por volta dos dois anos ocorre a aquisição do comportamento verbal. A criança adquiriu a linguagem e se comunica através dela. Os pais e especialmente a mãe são vistos como “infalíveis”. O que dizem “é o que ele é” e a criança não questiona a mensagem. Se disserem que ela “é má” então é verdade! “O que dizem é o que eu sou”.

O amor incondicional dos pais levará a aceitação incondicional, inclusive de suas fraquezas, e também à educação adequada. Aceitar o que não pode ser mudado, empenhar-se em melhorar aquilo que pode. Reconhecer os dois casos. Educar colocando limites, que significam segurança. Atentar para o princípio de realidade: “o que pode, pode! O que não pode, não pode!” Aceitar o erro, mas empenhar-se em corrigi-lo sem identificar a criança com ele. Considerar o erro como algo externo a ela e como oportunidade de aprendizado. Fazer “com ela” mas não “por ela”. Superprotegê-la é tirar-lhe a chance de adquirir anticorpos para a vida. Fazê-la ver que perfeição não existe, que todos erramos, embora procuremos fazer sempre o melhor.

Finalmente, lembremo-nos que os pais são modelos de comportamento para os filhos. Ações valem mais do que palavras.”Faça o que eu digo E o que EU FAÇO, senão o que eu disser não terá validade”. Para “lecionar” amor e aceitação é preciso que nos queiramos bem e nos aceitemos. Que sejamos “nosso melhor amigo”e nos sintamos merecedores da felicidade. A auto-aceitação dos filhos é diretamente proporcional à auto-aceitação dos pais.


Dr . Marco Antonio De Tommaso
Psicólogo e psicoterapeuta pela Universidade de São Paulo
Atuou no IPQFMHCUSP
Credenciado pala Assoc Bras para Estudo da Obesidade
Consultor da Unilever – Dove de 2004 a 2010
Psicólogo da Agência L’Equipe de modelos
Articulista da revista Boa Forma "No Divã"
Consultor de psicologia do site www.giselebundchen.com.br
11 – 3887 9738
www.tommaso.psc.br
tommaso@terra.com.br

quinta-feira, 15 de março de 2012

Felicidade Realista - Martha Medeiros

A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote
louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão.
Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio.
Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo,
usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o
suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade.
Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se.
Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.

Faxina na alma - Carlos Drummond de Andrade

Não importa onde você parou ou
em que momento da vida você cansou.
Recomeçar é dar uma nova chance a si mesmo
É renovar as esperanças.
E eu pergunto:
sofreu muito nesse período?
Foi a dor do aprendizado...
Chorou muito?
Foi a limpeza da alma...
Ficou com raiva das pessoas?
Foi para perdoá-las...
Acreditou que tudo estava perdido?
Era o início da tua melhora...
Pois é...
agora é hora de reiniciar,
de encontrar prazer nas coisas simples...
Um corte de cabelo,
um novo curso ou aquele velho desejo de aprender a pintar, desenhar,
dominar o computador.
Olha quantos desafios,
quantas coisas novas te esperando!
Está se sentindo sozinho?
Besteira,
tem tanta gente que você afastou com o seu "período de isolamento".
Tem tanta gente esperando apenas um sorriso para chegar perto de você.
Recomeçar!!
Hoje é um bom dia para
começar novos desafios.
Onde você quer chegar?
Sonhe alto!
Queira o melhor do melhor!
Pensando assim,
trazemos aquilo que desejamos.
Se pensamos pequeno,
coisas pequenas teremos.
Tire o dia para uma faxina mental!
Jogue fora
tudo que te prende ao passado:
fotos, roupas, papel de bala,
ingressos de cinema,
bilhetes de viagens e
toda aquela tranqueira que guardamos quando nos julgamos apaixonados.
Esvazie seu coração!
Fique pronto para a vida,
"Sou do tamanho daquilo que vejo e não do tamanho da minha altura."

Escolhas de uma vida - Pedro Bial

A certa altura do filme Crimes e Pecados, o personagem interpretado por Woody Allen diz: "Nós somos a soma das nossas decisões".

Essa frase acomodou-se na minha massa cinzenta e de lá nunca mais saiu. Compartilho do ceticismo de Allen: a gente é o que a gente escolhe ser, o destino pouco tem a ver com isso.

Desde pequenos aprendemos que, ao fazer uma opção,estamos descartando outra, e de opção em opção vamos tecendo essa teia que se convencionou chamar "minha vida".

Não é tarefa fácil. No momento em que se escolhe ser médico, se está abrindo mão de ser piloto de avião. Ao optar pela vida de atriz, será quase impossível conciliar com a arquitetura. No amor, a mesma coisa: namora-se um, outro, e mais outro, num excitante vaivém de romances. Até que chega um momento em que é preciso decidir entre passar o resto da vida sem compromisso formal com alguém, apenas vivenciando amores e deixando-os ir embora quando se findam, ou casar, e através do casamento fundar uma microempresa, com direito a casa própria, orçamento doméstico e responsabilidades.

As duas opções têm seus prós e contras: viver sem laços e viver com laços...

Escolha: beber até cair ou virar vegetariano e budista? Todas as alternativas são válidas, mas há um preço a pagar por elas.

Quem dera pudéssemos ser uma pessoa diferente a cada 6 meses, ser casados de segunda a sexta e solteiros nos finais de semana, ter filhos quando se está bem-disposto e não tê-los quando se está cansado. Por isso é tão importante o auto conhecimento. Por isso é necessário ler muito, ouvir os outros, estagiar em várias tribos, prestar atenção ao que acontece em volta e não cultivar preconceitos. Nossas escolhas não podem ser apenas intuitivas, elas têm que refletir o que a gente é. Lógico que se deve reavaliar decisões e trocar de caminho: Ninguém é o mesmo para sempre.

Mas que essas mudanças de rota venham para acrescentar, e não para anular a vivência do caminho anteriormente percorrido. A estrada é longa e o tempo é curto.Não deixe de fazer nada que queira, mas tenha responsabilidade e maturidade para arcar com as conseqüências destas ações.

Lembrem-se: suas escolhas têm 50% de chance de darem certo, mas também 50% de chance de darem errado. A escolha é sua...!

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Quebrar vícios ou condicionar novos hábitos em 21 dias

Existem estudos que dizem que 21 dias são o período necessário para se condicionar novos hábitos, quebrar vícios ou alterar hábitos antigos. Em outras palavras, se você quer incorporar um hábito novo na sua vida, alterar ou cortar um já existente, tudo o que você tem a fazer é conscientemente manter o esforço repetitivo por 21 dias, após os quais seu cérebro e seu corpo passarão a reconhecer o novo hábito como estabelecido, repetindo automaticamente o novo padrão, de forma que o esforço consciente passa a não ser mais tão necessário.

Com esta idéia em mente, as pessoas podem fazer experiências de 21 dias com hábitos que queiram condicionar. Quando encaramos uma mudança como algo definitivo, permanente, pode parecer assustador. O suficiente para nos impedir de começar. No entanto, se você alterar esta perspectiva e encarar a mudança como temporária, fazendo um acordo consigo mesmo estabelecendo que após o período de 21 dias você poderá voltar ao que era antes se quiser, a tarefa pode ficar mais fácil. Na prática, o esforço necessário é exatamente o mesmo, mas as chances de você se sabotar psicologicamente ficam menores. Primeiro, porque ao invés de estar lidando com “pra sempre” ou “nunca mais”, você vê o final dos 21 dias. Além disso, se você vai fazer algo por quase um mês e ponto final, ter um prazo para manter consistência reduz a probabilidade de você dar a si próprio a desculpa de “depois eu faço”, afinal o que você tem que fazer é repetir algo diariamente por este período.

Não tem depois, a hora é agora. Uma vez iniciado o processo, se você pular um dia, você já sabotou a tarefa e terá que recomeçar. É o que chamamos das recaídas. Elas, muitas vezes, fazem parte de todo processo. É evidente que o sucesso de uma experiência como esta vai depender do seu comprometimento, como qualquer outra coisa, mas se comprometer com algo por 21 dias é mais fácil do que se comprometer com algo pra sempre. Depois dos 21 dias, você terá resultados e informações suficientes para julgar a mudança e, uma vez já acostumado com o novo hábito, fica bem mais fácil mantê-lo indefinidamente se você optar por isso. Caso contrário, simplesmente retorne ao hábito antigo e caso encerrado.

Podemos listar exemplos de comportamentos que precisam ser quebrados ou interrompidos ligados a algum tipo de vícios ou compulsões como: fumar, comida em excesso, drogas inclusive o álcool, jogos, sexo, trabalhar além da conta (os workaholics), hábito de compras cada vez que me sinto triste ou ansioso, relações desgastadas ou de dependência afetiva, que quando penso em terminar parece que estou colocando fim a minha própria vida. Estes são alguns exemplos que podemos testar. Experimente 21 dias na interrupção deste comportamento. Determinação, disciplina, coragem, foco entre outras coisas serão fundamentais. Eu quero? Eu preciso? Eu posso? Você precisa de 3 SIM. Tomada a decisão, é preciso ter consciência que o período de abstinência muitas vezes não é fácil e se você puder recorrer a ajuda da família e de uma equipe multi-disciplinar fará toda a diferença.

Seguindo o mesmo raciocínio também podemos pensar em comportamentos a serem estimulados e desenvolvidos em 21 dias: ler por uma hora sobre um assunto do seu interesse, meditação, caminhar ao ar livre, testar hábitos alimentares novos e saudáveis, diminuir o número de vezes que julgamos algo ou alguém como certo ou errado, elogiar de forma sincera pelo menos uma pessoa por dia, testar novos caminhos nos meus trajetos diários, deixar a tv e o computador desligados por mais tempo, lembrar de respirar profundamente várias vezes por dia, surpreender as pessoas mais importantes de sua vida dizendo isso à elas... Dê asas à imaginação e não haverá limites.

Margareth Alves, psicóloga e terapeuta familiar.