quarta-feira, 20 de julho de 2011

Sociopatia

Personalidade Anti-social - Artigo Folha de Londrina

Quando pensamos nos psicopatas, logo pensamos em criminosos violentos como vemos na tv e no cinema. Mas a verdade é que nem todos eles são assim. Este é um distúrbio que se caracteriza por falta de consciência e que é bem mais comum do que imaginamos, atingindo uma em cada 25 pessoas.

Entre suas principais características estão a incapacidade de adequação às normas sociais, falta de sinceridade e tendência à manipulação, impulsividade, irresponsabilidade persistente e ausência de remorso.

A psicopatia tem níveis: leve, moderado e grave. Talvez seja um marido agressivo, um pai ausente, que no pouco tempo que está em casa explode com seus filhos, um chefe que maltrata e humilha seus funcionários, um filho rebelde que surpreende os pais constantemente com seus comportamentos contrários aos valores ensinados na família, como mentiras, manipulações, quebra de regras etc. Embora saibam o que é certo ou errado, os psicopatas ou sociopatas, não se importam com isso. Conhecem as regras da sociedade e entendem como as pessoas com consciência, agem e pensam - e lançam mão disso para manipular e circular despercebidos em nosso meio. Nos casos mais graves, eles são capazes de mentir, roubar e até matar sem culpa nenhuma.

Abaixo alguns dos principais pontos:

1. Incapacidade de amar. Não criam vínculos. Não sentem falta das pessoas. Não sofrem pelas suas perdas. Sua afetividade é blindada. Não existe.

2. Amoralidade. Cometem atitudes que demonstram falta de escrúpulos.

3. Não amadurecem com as suas experiências. Repetem os erros insistentemente. Não adianta falar, explicar, apontar. eles não aprendem, embora a capacidade intelectual seja alta, mas o que eles não possuem é inteligência emocional.

4. Mudam de humor repentinamente, sem uma explicação aparente. Freqüentemente tem explosões inesperadas de raiva e ódio.

5. Incapacidade de sentir tristeza, de sofrer. Mesmo na perda de um familiar próximo, sua falta de emoção surpreende. Em situações de doenças se mostram frios e distantes. Não se colocam no lugar da pessoa. Não tem empatia pelo sofrimento humano.

6. Ausência de sentimento de culpa: sabem que agem imprópriamente, mas não são capazes de deixar de fazer algo mesmo sabendo que é errado e que causará sofrimento para outras pessoas.

7. Ausência de toda e qualquer compreensão real ou insight. Entendem intelectualmente mas isto não produz mudança.

8. O ambiente força valores sobre estes indivíduos que pode parecer resultar em reflexões. Eles acabam dizendo o que os outros querem ouvir, mas não significa que aprenderam algo.

9. Habilidade de evocar pena. Parecem indefesos, perdidos. Despertando nas pessoas um desejo de ajudar. As mulheres geralmente são vítimas, porque possuem instintos maternais. Elas acreditam que com seu cuidado eles melhorão, serão curados.

10. Possuem um "charme" característico que facilita suas bajulações. Agradam com elogios (falsos), com presentes que compram após observar suas "'vítimas" e com isso identificam como tornar-se íntimo no relacionamento que os interessa.

11. Possuem um repertório de trapaças sem inibições. Para eles não há restrição.

12. Como não amam, não criam vínculos. Sem a moral nos relacionamentos, eles ficam felizes em enfeitiçar aqueles ao seu redor.

13. Quando não se tem uma convivência muito próxima a presença deles até certo ponto é prazerosa. Não fazem exigências, sendo que as outras relações são cansativas, requerem esforço.

14. As relações com maior intimidade como esposas, filhos, funcionários sofrem com o excesso de pressão, exigências, críticas destrutivas, contradições e hipocrisia (cobram algo que eles mesmos não fazem). Para as pessoas de fora são capazes de atitudes "generosas", prestativos ao extremo querem passar uma imagem positiva, e com a manipulação e distorção da realidade as pessoas não percebem e acabam concluindo que eles são boas pessoas.

15. São perspicazes, sedutores, predadores em busca de alguém vulnerável para ser explorado por eles em vários aspectos. Tirar vantagens é com eles. Sem o menor senso de moral, ética e caráter. Vale frisar que raramente admitem seus erros. Negam até o fim, mesmo que todas as evidências apontem para seus erros. Você raramente ouvirá um pedido de desculpas.

16. Ironicamente eles causam inveja. Já que eles não se sobrecarregam por moralidades e tensões. Moralidade esta que é a raiz de nossas neuroses.

17. Tem medo de envelhecerem, de ficarem doentes, da morte. Geralmente não se cuidam ou são obssessivos, hipocondríacos nos seus cuidados com a saúde.

18. Movem-se incansavelmente de uma relação para outra. Precisam diversificar seus relacionamentos e quando são casados a traição é uma constante em sua vida. Banalizam suas aventuras extra-conjugais que podem ser mulheres de todas as idades, classes socias, casadas, solteiras e garotas de programa. Eles não tem vocação para a monogamia.

19. Uma mentira, uma promessa não cumprida podem ser resultado de um deslize, uma falha eventual, mas quando as mentiras, contradições e omissões fazem parte constante do comportamento de uma pessoa, você pode estar diante de um sociopata. Na maioria das vezes eles levam uma vida dupla. Se escondem atrás de uma postura correta, muitas vezes participando de cargos de liderança que os deixam acima de qualquer suspeita, ao mesmo tempo que tem comportamentos completamente contrários numa vida secreta.

20. Muitas vezes são capazes de influenciar pessoas idôneas e honestas a praticar atos contrários às suas crenças e valores. Isto se deve a capacidade de dominação e influência que eles são capazes de exercer sobre as pessoas.

21. Observe e identifique se o que você sente é medo ou respeito por esta pessoa que muitas vezes pode ocupar um posto de liderança e ser uma figura de autoridade. Eles possuem uma forma intimidadora de conseguir o que querem.

22. A intriga é uma ferramenta do sociopata. Não entre no jogo. Na frente das pessoas ele tem um determinado comportamento e longe das pessoas faz fofocas, mentiras, distorce a realidade dependendo de seu interesse.

23. São capazes de agradar e em poucos minutos tem comportamentos que provocam fúria nas pessoas, na medida que mentem e apunhalam pelas costas.

24. Não tente recuperar os irrecuperáveis. Gaste energia com quem é possível fazer mudanças. Aceite sua limitação e neste caso não veja como desafio a recuperação de um sociopata.

25. Para dominar as pessoas eles costumam "bater e assoprar" ou seja, nas relações mais próximas se mostram verdadeiros tiranos, humilham, desrespeitam, destroem a auto-estima da pessoa e depois se mostram preocupados, cuidam das feridas que eles mesmos causaram. E a pessoa que não se dá conta disso vai se transformando em sua refém.

Os sociopatas não constituem uma raridade. Ao contrário representam uma parcela significativa da população. É quase impossível para qualquer pessoa atravessar a vida sem conhecer no mínimo um deles, seja em que circunstância for.

Quando possível mantenha distância, mas se for necessário a convivência com alguém assim, proteja-se, deixe os limites muito claros e não tenha medo de colocar suas idéias de forma objetiva e direta. Não permita que uma pessoa sem consciência, ou várias destas pessoas, convença você de que a humanidade é um fracasso. A maioria dos seres humanos tem consciência e é capaz de amar.

Margareth Alves, psicóloga e terapeuta familiar

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