quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A relação entre pais e filhos e entre irmãos - Margareth Alves

A relação fraterna é um treino que prepara as crianças para conviver bem com as diferenças. A convivência com os irmãos pode despertar um sentimento de amor-ódio. É uma relação de grande intimidade. Pode ser harmoniosa, de proteção e grande cumplicidade. Como também pode ter momentos de disputa pelo amor dos pais e por tantas outras coisas, como no caso de gêmeos, que desde o útero materno já aprendem a dividir o mesmo espaço. Na relação com os irmãos se aprende a dizer sim e não, a permitir e a colocar limites, a abraçar e a apanhar. Se aprende a pedir, a dar e receber. Entre tantas outras competências. É o lugar onde se experimenta rivalidade, hostilidade, ciúme e inveja. Os sentimentos de inveja são direcionados de um irmão ao outro e o ciúme ocorre pela relação do irmão com os pais. O sentimento de ciúme pode ser desencadeado pelo comportamento dos pais de proteger e privilegiar um filho em detrimento do outro. Todas estas emoções, sem dúvida, se bem trabalhadas pelos pais pode preparar a criança a lidar bem na fase adulta com todos os tipos de relacionamento. Com o filho único suas relações geralmente são mais com os adultos para só depois na escola conviverem com crianças da mesma idade. Há uma tendência para a super-proteção.

Cada filho vem num momento único. Consideramos que a relação do casal está de uma determinada forma em cada etapa da vida, a situação financeira pode estar melhor ou pior, a saúde física e emocional do casal, dos seus outros filhos. Se ele vem num momento planejado pelos pais, se ele vem de surpresa enfim tudo isso é a base da construção da relação que o pai e a mãe estabelecerá com cada filho. O amor, podemos entender que pode ser o mesmo, mas a forma como ele se manifesta é única. Os pais podem se identificar mais com um filho do que com o outro, por todas estas questões levantadas e pelo temperamento de cada um. Dessa forma é muito difícil esperarmos que os pais irão se comportar da mesma forma com todos. Mas o que é essencial é que cada filho seja amado, valorizado, respeitado e aceito por seus pais. O filho precisa se sentir visto pelos seus pais. É a partir do que ele experimenta nestas relações que se fundamentará o funcionamento dele nas outras relações durante a vida. Amar é tão importante quanto colocar limites. Dizer "não" significar preparar seu filho para o futuro. Ele desenvolverá competências para sobreviver às frustrações, se lançar aos desafios, superar as adversidades se os pais não derem tudo para eles. Ensinar a pescar continua sendo muito melhor do que dar o peixe pronto.

Atualmente o que vemos são famílias cada vez mais reduzidas. Os casais com um único filho estão cada vez mais frequentes. Os pais argumentam que a questão financeira é um dos fatores importantes para este fato. Eles querem criar seus filhos oferecendo boas condições de estudos que vão além da escola. Aprender uma língua, esporte, música etc se tiverem muitos filhos não conseguiriam proporcionar todas estas opções. Além disso, quanto mais os pais recebem informações sobre educação de filhos, mais eles se tornam conscientes de quanta responsabilidade significa não só criar um filho, mas formá-lo. E também há muitos casos de pais q se casam mais tarde, num primeiro momento dão prioridade à carreira profissional e só mais tarde decidem por terem um filho. Conciliar a carreira profissional e muitos filhos, principalmente para as mães, parece se tornar cada dia mais dificil.

Os pais precisam ouvir atentamente seus filhos, não apressar a conversa, dar exemplo, manterem-se informados, orientar seus filhos de forma coerente, observar a comunicação não-verbal percebendo outras formas de comunicação que estão transmitindo aos filhos através das expressões faciais, dos movimentos do corpo, tom de voz. Incentivar os filhos a brincarem, fazerem tarefas, passeios ou atividades juntos. Recompensar, elogiar e agradecer os filhos sempre quando ajudam, quando brincam sem brigar, quando têm iniciativas, quando expressam carinho, quando ajudam em algum problema familiar, quando se oferecem para fazer algo, etc. Quando os filhos são reconhecidos e têm o exemplo dos pais se tornam mais cooperativos e afetuosos. Ponderar as brigas e divergências entre os filhos, evitando punir de forma tendenciosa, mas sempre verificar o que aconteceu. Brigas, ciúmes e rivalidades fazem parte do crescimento dos filhos, a ponderação, mediação e a maneira como os pais incentivam cada um destes comportamentos podem gerar mais conflitos ou diminuir. É importante que os pais observem a freqüência, motivo dos conflitos e brigas, só depois tomar uma atitude. Incentivar sempre o perdão pela atitude quer seja intencional ou casual e desculpar-se pelo comportamento, isto serve para os pais também, quando fazem avaliações ou punições injustas. Escolher alguns brinquedos aonde todos os filhos possam participar, assim desenvolvem um senso de igualdade e de suas diferenças e preferênciais individuais.

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