quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Compulsão Sexual - Margareth Alves

Trata-se de um comportamento irracional e autodestrutivo. Uma sensação forte contra a qual é incapaz de lutar e que irracionalmente buscará justificar de todas as maneiras. A autodestruição aparenta ser mais importante do que a construção de relacionamentos que tragam, além da satisfação sexual, o bem estar social e pessoal. Sexo é resultado de desejo sexual. Fazer sexo demais ou sem vontade de fazê-lo, torna-se uma forma de autodestruir-se, é irracional e não deverá trazer prazer à pessoa. Nossa cultura faz apologia de vários momentos de sexo sem desejo, a exemplo de muitas mulheres que acatam fazer sexo porque o marido assim o deseja ou porque é assim mesmo que as coisas são. Muitas mulheres podem ter passado por tal situação. Muitas vezes o casamento traz esta obrigação, facilitando o caminho do desenvolvimento de comportamentos sem controle e desassociados do desejo sexual, associando-o à diminuição das ansiedades.

Ter experiências sexuais com um número de pessoas de quem já não nos lembramos, nos faz crer que elas não tiveram importância em nosso trajeto de vida, não ficaram marcadas em nossa memória. Este é um aspecto da identidade masculina muito comum e considerada normal pelos homens em nossa cultura. Muitas pessoas ainda fazem sexo de modo irracional, não se importando com as conseqüências. A ansiedade conduz a fazer sexo, sem que qualquer atitude racional seja guia do comportamento. Uma grande parte dos homens sobrevaloriza o desempenho sexual, assunto preferido das rodinhas masculinas, onde quem conta mais vantagens sente-se superior aos outros. Um relacionamento também tem limites e dificuldades que precisam ser superadas. Um comportamento compulsivo não permite administrar estes limites, produzindo mais problemas de ordem sexual.

Quando pensamentos automáticos compulsivos sobre sexo e emoções ocorrem, pouco tempo interno sobrevive no espaço mental de uma pessoa. Assim todas as outras áreas são desprezadas e aqueles pensamentos não permitem que se disponha de tempo para organizarem-se as outra áreas do cotidiano. A família, estudos, religião, amigos, vida social, lazer, esportes, saúde... tudo fica em último lugar, desprezado e sem chances de execução no cotidiano. A condição de dependência é uma dos aspectos da compulsão.

O comportamento compulsivo, sexual ou não, interfere com a racionalidade e a manutenção de nossas vidas de modo satisfatório. A sensação de ingovernabilidade sobre a própria vida é um sinal importante de que não se está agindo como adultos, mas como crianças que necessitam de guia e cuidados por parte de outras pessoas. Quando pensamos em nossa vida e percebemos que existem mais coisas a se fazer do que estamos cumprindo, e isto se deve a gastarmos muito tempo com uma única atividade, significa que estamos fazendo algo compulsivamente. Um fator muito importante na vida das pessoas é a construção de um projeto de vida, dessa forma, a pessoa vive plenamente todas as área de sua vida. Se algo interfere neste caminho, trata-se de algo irracional e contrário a vida.

Nenhum comentário: