sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Ciúmes, mentiras e traições - Margareth Alves

As mentiras despertam o ciúme e acabam com o relacionamento. Então por que as pessoas mentem? Mentimos sobre nossa idade, realizações, dinheiro, a profissão que exercemos. Ou mentimos para preservar nossa liberdade. Mas não adianta querer minimizar a questão: quem mente por pequenas coisas vai mentir também sobre as grandes, correndo o risco de destruir um amor ou marcá-lo com feridas profundas, que aos poucos vão acabando com o desejo e a confiança. A lealdade é fundamental para uma pessoa se entregar à outra de corpo e alma. Não esperamos nem perdoamos a mentira de quem diz que nos ama. Se pegamos o nosso amor numa mentira, seja ela qual for, a confiança é abalada e abre-se espaço para o ciúme. Este terrível sentimento envenena a relação e, onde antes havia entrega e espontaneidade, passa a haver desconfiança e insegurança. Depois de sermos enganados uma primeira vez, qualquer falha, mudança no comportamento do outro desperta dúvida e medo. Se há amor, quem mentiu e não pretende repeti-lo, precisa ter sensibilidade para deixar claras as suas intenções e assim tentar recuperar a credibilidade junto ao parceiro, embora não seja uma tarefa fácil. Qualquer mentira abala uma relação. Mas a mais destruidora é a que envolve ligação amorosa ou sexual com outra pessoa. Quando isso ocorre, o mais provável é que se instale uma crise. Existe quem perdoe, mas todos demoram para esquecer e superar a mágoa. O ciúme não tem lógica nem razão. Quando há a suspeita de uma traição, o ciumento fica obsessivo e procura desesperadamente a ''prova do crime''. A pessoa antes calma e cordata transforma-se numa fera. E aquele que trai pode também demonstrar ciúme, ficar paranóico, passa a controlar cada passo do outro por achar que podem fazer com ele o que ele costuma fazer com seus parceiros. Quando se pergunta a homens e mulheres sobre o que é importante para uma relação dar certo, a maioria diz: fidelidade, lealdade, confiança e carinho. Por outro lado são consideradas inaceitáveis a agressividade, a mentira e a traição. Para o casal que deseja viver feliz, recomendo: abram o coração e falem a verdade, mesmo que isso mostre que vocês não são tão bacanas como gostariam, mas confirmem que são honestos, confiáveis e leais. É isso que conta num amor verdadeiro.

Resiliência- Pe José Além




O que é resiliência? é um termo originário da física que quer dizer a capacidade que um corpo tem de voltar ao seu estado anterior depois de ter sofrido alguma pressão. O papel tem baixa resiliência. Se o amassarmos ele não voltará a ser como era antes. Aquela bolinhas usadas pelos fisioterapeutas tem alta capacidade de resiliência, nós aplicamos uma força nela e imediatamente ela volta a ser como antes. A psicologia toma 'emprestado' o termo resiliência para definir a capacidade que o ser humano tem de voltar ao seu estado anterior ou até de se tornar melhor após ter sofrido uma perda, uma mudança significativa, um trauma....... há pessoas que se recuperam e fazem da dor sofrida uma fonte de aprendizados e há outras que passam pela vida se lamentando, reclamando, colocando-se como vítimas e ficam como o papel, amassadas, encolhidas em seu sofrimento. E você como tem reagido as adversidades que a vida traz? Abaixo um texto para reflexão.
Antes de tudo devemos distinguir que cada pessoa é única, original, irrepetível, tem características próprias, tem uma forma peculiar de perceber a vida, os acontecimentos à sua volta, de interpretar o mundo. Há pessoas pessimistas e negativistas que sentem a vida como obstáculo, se transformam em vítimas, requerem piedade na sua fragilidade. Esse modo de sentir a vida é contagiante e capaz de destruir a alegria de viver. Há também pessoas otimistas que vivem com confiança e esperança seus desafios e veem neles oportunidades para crescer, amadurecer, ampliar suas descobertas. E agem motivadas pelo sentimento de entusiasmo apesar de tudo. Há ainda pessoas que são realistas. Veem a vida com seus aspectos claros e escuros, reconhecem a beleza e a dureza da vida e sem cair no derrotismo nem na alegria passageira são capazes de colher da realidade o que ela tem de maravilhoso e de cruel e lidar com as situações com sentido, baseada em valores objetivos e não subjetivos. Diante da variedade de temperamentos, de personalidades, não é possível ainda reconhecer por que se algumas pessoas nascem resilientes ou se algumas situações vivenciadas influenciam no seu desenvolvimento nas pessoas. Uma coisa é certa porém, cada pessoa pode favorecer, ou não, essa força arrebatadora do espírito e desenvolver uma personalidade capaz de enfrentar a vida com realismo não se deixando abater por um pessimismo trágico ou se exaltar por um otimismo alienante. Há pessoas que são “auto-realizadoras”, superam sem traumas questões de grande sofrimento. Têm percepção mais eficiente da realidade, aceitação (capacidade de amar) de si mesmas, dos outros e amam a vida. São espontâneas, concentram-se mais nos problemas e menos no próprio ego; são mais desprendidas; tem autonomia e independência em relação à cultura e ao meio ambiente; têm relações interpessoais mais profundas e internas; têm estrutura de caráter mais maleável; senso de humor, distinguem entre meios e fins, o bem e o mal; são mais criativas.Se analisarmos bem a resiliência não é privilégio de alguns é, antes de tudo, a resultante de qualidades comuns que a maioria das pessoas já possui, mas que precisam articular corretamente e serem suficientemente desenvolvidas. Conhecer suas origens, história, os fatores que de algum modo moldaram aquela personalidade ou aquele grupo favorece reconhecer os fatores resilientes pessoais e sociais.A resiliência pode ser promovida. Entre os fatores que promovem a resiliência estão o modelo do desafio, os vínculos afetivos e sentido da vida. O modelo de desafio é bastante identificado em pessoas resilientes. As características centrais encontradas nesse modelo são: o reconhecimento da verdadeira dimensão do problema; o reconhecimento das possibilidades de enfrentamento, e o estabelecimento de metas para sua resolução.A existência de vínculos afetivos é também considerada como um fator importante para promoção da Resiliência. A aceitação incondicional do indivíduo enquanto pessoa, principalmente pela família, assim como a presença de redes sociais de apoio permitem o desenvolvimento de condutas resilientes. Quanto ao sentido da vida, além do sentimento de autonomia e confiança, encontraram-se características como expectativas saudáveis, direcionamento de objetivos, construção de metas para alcançar tais objetivos, motivação, fé num futuro melhor. Fundamental é acima de tudo a postura interna, a atitude que a pessoa adota e desenvolve diante da vida. Resiliência aprende-se mais pelas práticas e vivências, pelo curso dos acontecimentos que as pessoas incorporam à capacidade de resistir à adversidade e utilizá-la para o seu crescimento pessoal, social e profissional do que pelas palavras. Entre os muitos exemplos de pessoas resilientes está Victor Frankl, um dos sobreviventes do campo de concentração de Auschwitz. Ele reforça tudo o que se diz sobre as características dos resilientes. Em seu livro “Em Busca de Sentido” (Ed. Vozes), relata a sua própria experiência. Nota que entre os prisioneiros muitos se deixavam morrer abatidos pela dor, pela depressão, pelas doenças e desesperança, outros, como ele, passando por fome, privações, humilhações, doenças e toda a sorte de maus tratos, conseguiram sobreviver apesar de todo sofrimento. Analisando o que viveu e viu, chega também a algumas conclusões sobre os sobreviventes. Todos tinham ‘um sentido’, uma motivação para continuarem vivos; se sentiam amados e capazes de amar, tinham senso de humor, do riso, capacidade de ajudar os outros, de não estar centrados em si mesmos, mas voltados para o que pode ser feito, no aqui e no agora para o outro. Notou ainda que, os que melhor conservavam o autodomínio e a sanidade eram aqueles que tinham um forte senso de dever, de missão, de obrigação, fosse esta relacionada à fé religiosa, com uma causa política, social ou cultural. Esse senso de dever poderia também ser em relação para com um ser humano individual. O que mantinha muitos destes prisioneiros vivos era a esperança do reencontro com as pessoas que estavam fora dali. Pessoas resilientes apresentam capacidade de resolver problemas, têm autonomia, controle interno, auto-estima, empatia, desejo e capacidade de planejamento e senso de humor. Pessoas assim, em vez de saírem traumatizadas após serem submetidas a grandes problemas, ao contrário, sentem-se mais competentes para encarar os desafios inerentes às crises, sejam elas pessoais ou sociais.